Em menos de dez horas, três ônibus foram incendiados em Belo Horizonte neta sexta-feira (3). Dois dos coletivos foram alvos de vândalos na região de Venda Nova, onde, no no último caso, segundo moradores da região, criminosos impetraram um toque de recolher no comércio local.
Sobre a ação dos criminosos para fazer com que os lojistas abaixassem suas portas, a Polícia Militar ainda não confirma esse toque de recolher. Contudo, a corporação confirma que oito suspeitos foram apreendidos, sendo cinco menores e três maiores.
Conforme explicou a polícia, o grupo faz parte da gangue da Baixada, que atua no bairro Minas Caixa, também em Venda Nova. No momento da prisão, os suspeitos tentavam colocar fogo em um terceiro ônibus da região. Uma garrafa de gasolina também foi apreendida.
Aos militares, os suspeitos confirmaram que a ação criminosa foi uma retaliação a morte de um amigo, que é suspeito de atuar na região como ladrão de carro. O homem foi morto por um Guarda Municipal que reagiu a um assalto na noite dessa quinta (2) na região.
Apesar do susto e do prejuízo causado pela ação dos criminosos, nenhum motorista, cobrador ou passageiro chegou a ficar ferido.
Entenda
O primeiro caso foi registrado ainda de madrugada no cruzamento das ruas Ivete Vargas com Robertson Pinto Coelho, no bairro Solar do Barreiro, no Barreiro. Nesta ação, dois homens fizeram o motorista descer e ateou fogo no coletivo da linha 328.
Já o segundo caso, foi registrado no bairro Serra Verde, em Venda Nova, onde homens abordaram o veículo, na rua professora Vera Gonçalves Terra. Apenas o cobrador estava no veículo e foi mandado descer.
O motorista contou à Polícia Militar (PM) que, por volta das 6h, estava fora do coletivo quando dois homens chegaram, entraram no veículo e ordenaram que a cobradora descesse.
Um pulou a roleta, foi nos fundos com um galão, jogou o líquido e ateou fogo. O da frente fez a mesma coisa. Não mostraram arma. Em seguida, a dupla correu e entrou em um carro, que já estava esperando para fuga.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o crime foi no ponto final da linha 641 (Estação Vilarinho/Serra Verde).
Cerca de cinco horas depois, quase no fim da manhã, um terceiro coletivo da linha 638 foi interceptado na avenida Salamanca, no bairro Salamanca, também em Venda Nova. Neste caso, os criminosos exigiram que o motorista, o cobrador e os passageiro descessem.
Em seguida, jogaram gasolina e atearam fogo. Já com o coletivo em chamas, os suspeitos fugiram, mas acabaram presos.
Assista ao vídeo feito pelo condutor. As chamas se espalharam pela rua.
Em duas semanas, seis ônibus são incendiado em Belo Horizonte
Em janeiro, um ônibus da linha 3503A (Santa Terezinha/São Gabriel) foi incendiado no dia 20, no ponto final do bairro Santa Terezinha (rua Ayres da Mata Machado, 193), e dois outros foram queimados no dia 17. Um deles, da linha 1509 (Califórnia/Tupi), foi incendiado na esquina das ruas Cacilda Becker e José Lins do Rego, no bairro Tupi, e outro, da linha 9801 (Saudade/Santa Cruz), no bairro Santa Cruz.
Nos cálculos do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), um veículo queimado ou depredado deixa de atender, em média, a cerca de 500 usuários por dia útil. Os atos de vandalismo também oneram o sistema de transporte coletivo e sua operação, ao reduzir a capacidade de reinvestimento dos consórcios, que não possuem seguro contra ações dessa natureza.
"Em resumo, um ônibus convencional queimado significa, além do prejuízo de R$ 360 mil, um veículo a menos na linha por tempo não inferior a 150 dias ou a sua substituição temporária por outro veículo da reserva", finaliza o sindicato, em nota.
2016
Em 2016, oito veículos foram queimados total ou parcialmente. Na noite de 21 de novembro de 2016, um ônibus da linha 3503 (São Gabriel/Santa Terezinha), foi apedrejado e parcialmente incendiado por vândalos no bairro São Paulo.
Em 02 de novembro, por volta das 04h40min, na rua Trinta e Um, bairro Santa Fé, ônibus da linha 616, foi incendiado. Na madrugada de 22 de julho, um ônibus da linha 644 (Estação Pampulha/São João Batista), alimentadora do BRT Move, foi incendiado na rua Soldado Manoel Ferreira, no bairro São João Batista, região de Venda Nova. Um grupo de aproximadamente 15 vândalos mandou o motorista desembarcar e ateou fogo ao veículo, causando perda total.
Em 09 de julho, um ônibus da linha 1502 (Vista Alegre/Guarani) foi incendiado na rua Independência, no bairro Cabana, na região Oeste de Belo Horizonte. No dia 23 de junho, um ônibus do sistema BRT Move, tipo padron, que fazia a linha 5250 (Estação Pampulha/Betânia), foi incendiado no bairro Betânia, na região Oeste da capital. Em 29 de maio, um ônibus da linha 711 (Estação São Gabriel/Solimões) foi incendiado no bairro Tupi, na região Norte da capital e, em 23 do mesmo mês, um ônibus da linha 809 (Estação São Gabriel/Belmonte) foi incendiado por cerca de 20 pessoas no Anel Rodoviário, na altura do bairro Jardim Vitória, na região Nordeste de Belo Horizonte.
O primeiro incêndio ocorreu em 17 de maio, quando um ônibus da linha 825 (Estação São Gabriel/Vitória II via UPA Nordeste) foi queimado por um grupo de cerca de 10 vândalos na rua Joaquim Gouveia, bairro São Paulo, também na região Nordeste da capital mineira. A operação da linha 825 teve início em fevereiro de 2016, para atender a reivindicações dos moradores da região.
Em 2015, nove ônibus urbanos foram incendiados na capital mineira, superando o número registrado em 2014, quando oito veículos foram queimados. Na vigência do atual contrato, 48 ônibus do sistema de transporte coletivo urbano de Belo Horizonte foram incendiados: 6 em 2017, 8 em 2016, 9 ônibus em 2015, 8 em 2014, 6 em 2013, 3 em 2012, 6 em 2011 e 3 em 2010.
Atualizada às 14h34.