“Viemos pela fome, depois descobrimos o meio ambiente. Hoje eu sei que 50 kg de papel reciclado substitui uma árvore”, afirmou a catadora de material reciclável, Maria das Graças Marçal, 64, que trabalha no ramo há mais de 50 anos. A consciência ambiental que a humilde Dona Geralda (como ficou conhecida) tem ainda não atinge a população belo-horizontina, já que os tímidos investimentos da prefeitura em coleta seletiva não surtem efeito. O serviço foi implantado há sete anos em 30 bairros da cidade. Atualmente, são 35 – crescimento de 16% –, mas não representa 10% da capital.
O material recolhido nos 35 bairros da cidade é levado para 11 cooperativas de catadores que faz a separação e vendem para indústrias. Graças a isso, os resíduos são transformados em matéria-prima para produzir novos produtos. Dona Geralda é presidente da Associação dos Catadores de Material Reciclável (Asmare) e criou 12 filhos nessa atividade. Ela acredita que falta incentivo da prefeitura para que a coleta seja ampliada e as cooperativas cresçam. “As pessoas pensam em criar as embalagens, mas não se preocupam com o destino que elas vão ter. O que a gente faz aqui era para ser responsabilidade dos prefeitos”, afirma Geralda.
Em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, 22 catadores tiram seu sustento se arriscando diariamente no lixão. O sonho deles é poder ir para um galpão e fazer a separação do material reciclável como acontece na capital, mesmo que de forma tímida. “Isso, sim, é coisa de Primeiro Mundo. Mas até lá eu fico aqui catando o que o povo joga fora e ajudando o meio ambiente. Muitos não têm coragem de fazer o que eu faço há 20 anos”, contou a catadora Kátia Aparecida dos Santos, 44.
Em média, os catadores de Esmeraldas retiram 30% do lixo que é enviado para o local e dão outro destino aos resíduos. Eles contam que, hoje, as pessoas começaram a reconhecer o trabalho deles na cidade. “Se não fosse a gente, esse lixão estaria transbordando. Algumas pessoas já mandam o material reciclável numa sacolinha separada, e outras até entregam aqui. Era para todo mundo fazer isso, né?”, indaga Kátia.
Atrasado. Na capital mineira, menos de 1% do lixo produzido é reciclado. Cerca de 3.000 toneladas (peso equivalente a 2.700 carros populares) são enviadas diariamente ao aterro sanitário de Sabará, na região metropolitana. Enquanto o catador vende cada tonelada de material reciclável por cerca de R$ 30, a prefeitura paga o mesmo valor para aterrar na cidade vizinha.
Para Cláudio Cançado, engenheiro sanitarista, o próprio aterro sanitário, que é visto como solução no Brasil já é algo ultrapassado em países desenvolvidos. “O aterro tem data para acabar, é uma solução a curto prazo. Não dá para continuar aterrando tudo sem pensar em reciclar e reduzir o lixo”. Segundo ele, o ideal é trabalhar com soluções integradas: reciclagem, incineração e compostagem do lixo orgânico.
COLETA PORTA-A-PORTA
Veja (ordem alfabética) os bairros que possuem o serviço de coleta seletiva na porta e o dia da semana:
Alto Barroca - segunda-feira
Anchieta - terça e sexta-feira
Barreiro (parte) - quinta-feira
Barroca (parte) - segunda-feira
Betânia - sábado
Belvedere - quinta-feira
Buritis - quinta e sexta-feira
Carmo - terça e sexta-feira
Cidade Jardim - quarta-feira
Cidade Nova - terça-feira
Cinquentenário - sábado
Comiteco - sábado
Coração de Jesus (parte) - quarta-feira
Cruzeiro - terça e sexta-feira
Estoril (parte) - quarta-feira
Grajaú (parte) - sábado e segunda-feira
Gutierrez - sábado
Indústrias II - sábado
Lourdes (parte) - sexta-feira
Luxemburgo (parte) - quarta-feira
Mangabeiras - sexta-feira
Olhos D`água - quarta-feira
Região da Boa Viagem - quinta-feira
Santa Lúcia - quarta e sábado
Santo Antônio - quarta e sexta-feira
São José - quarta-feira
São Lucas (parte) - terça-feira
São Luiz (parte) - quinta-feira
São Bento - sábado
São Pedro - sexta-feira
Savassi - quinta-feira e sexta-feira
Serra - terça-feira
Sion - quinta-feira
Sion (próximo à Igreja do Carmo) - sexta-feira
Vila Paris - quarta-feira