O segundo dia de greve dos rodoviários na capital e região metropolitana já contabiliza R$ 38 milhões de prejuízo no comércio, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Alguns comerciantes tentam driblar o prejuízo buscando os funcionários em casa, mas mesmo assim, os clientes não conseguem chegar aos centros comerciais, o que não contribui para amenizar as perdas, segundo o presidente da CDL-BH, Bruno Falci.
Nesta terça-feira (25),as estações Vilarinho, Venda Nova, Diamante e Barreiro permanecem completamente paralisadas. Houve um encontro nessa segunda (24) entre o Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros Metropolitanos (Sintram) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de BH e região (STTRBH) que organizou a paralisação. Não houve acordo, já que nenhuma proposta foi apresentada a categoria para negociar o término da greve, que deve continuar ainda sem prazo determinado.
O STTRBH informou que não foi avisado sobre a liminar que exige 70% dos coletivos na rua, mas segundo o sindicato, a escala mínima de 30% está sendo cumprida. Uma audiência foi marcada para acontecer na tarde desta terça, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para a tentativa de uma nova negociação.
O motivo da paralisação é que desde a primeira greve, em 2012, os rodoviários pedem uma proposta de ajuste salarial, o que nunca aconteceu. Além disso, as reivindicações envolvem ainda a jornada de trabalho de seis horas, o estabelecimento de piso salarial para trabalhadores que vão atuar no Move e o fim da dupla função para motoristas, que em alguns casos têm que fazer a cobrança das passagens além de dirigir.
Como driblar o prejuízo
Segundo a CDL-BH, uma das formas de amenizar o prejuízo no comércio é fazer liquidações, atraindo novos clientes para as lojas. Segundo o presidente da CDL-BH Bruno Falci, legalmente, os lojistas não podem descontar dos funcionários a remuneração e os benefícios correspondentes à ausência no trabalho devido a greve dos rodoviários. "Os lojistas que tiveram prejuízos com o movimento grevista dos trabalhadores rodoviários podem pleitear do Sindicato dos Trabalhadores, perante o Judiciário, a reparação dos danos sofridos", explicou. Para isso, o dano material deve ser comprovado.
Esses documentos que comprovam o dano devem ser enviados a um advogado para que ele possa propor a respectiva ação de reparação de danos materiais que pode até ser acumulada com danos morais. Confira os elementos necessários para a comprovação:
- Comprovação de atraso ou falta do empregado e que este fator contribuiu para a redução das vendas no período em que vigorou o movimento grevista, bem como o pagamento de outros meios de transporte (como táxis ou vans) para que o empregado pudesse trabalhar;
- Comprovação que houve redução substancial do volume de vendas, devendo o interessado fazer a comparação com o volume de vendas em período semelhante;
- Disponibilizar dados contábeis e documentos que comprovem a redução do volume de vendas (dados da administradora de cartão de créditos ou de registros no ECF);
- Comprovar eventual expectativa de aumento de vendas, decorrente de promoções do próprio interessado, isto, objetivando a demonstrar os lucros cessantes;
- Comprovar a queda drástica no movimento rotineiro do estabelecimento, por meio de prova testemunhal, tendo em vista a impossibilidade do consumidor se locomover na cidade, face ao movimento grevista do transporte público rodoviário.