A estudante Ana Paula Carvalho, de 15 anos, desaparecida desde o último sábado (25) sumiu depois de sair do condomínio onde mora com a família, em Nova Lima, na região metropolitana, para esperar o pai de uma amiga que a buscaria no ponto de ônibus às margens da BR-040. Ela disse que iria comemorar o aniversário do namorado da colega na casa dela. A família faz um apelo para reencontrá-la.
"Eu só peço para ela uma coisa, se ela estiver acompanhando os noticiários, se estiver bem, que me dê notícia. Não tenho intenção de fazer mal a ninguém, não quero nem saber com quem ela está, só quero que ela volte para a casa", disse, com a voz embargada e os olhos marejados, a doméstica Luciene Dias de Carvalho Lopes, 42, mãe da adolescente. Apesar de a dor da saudade aumentar a cada dia, ela se mantém confiante e espera que a filha não tenha sido sequestrada e, sim, que tenha saído com algum colega para um local diferente de onde avisou que iria e, devido à repercussão do caso, tenha ficado com medo de retornar para a casa.
"Nesta idade, às vezes (o adolescente) sai, faz uma travessura e não imagina que pode acontecer coisas piores. Pode ser que ela esteja pensando: 'Saí escondido, falei que ia para algum lugar e fui para outro, não vou voltar porque minha mãe e meu pai vão achar ruim'. De maneira nenhuma. Não vou brigar, não vou fazer nada, só quero ela de volta", disse Luciene, que se emocionou várias vezes durante a entrevista. Ela e os filhos nasceram em Bom Jesus do Galho, na região do Rio Doce, mas moram há cerca de sete anos em uma casa no condomínio Miguelão, onde o pai da família trabalha como caseiro.
Luciene considera também a hipótese de que a pessoa que pode estar com a filha tenha ficado com receio de deixar a menina voltar para a casa, após a divulgação da história. "Às vezes, essa pessoa está segurando ela, com medo de a gente denunciar, mas não tenho essa intenção", afirmou a mãe. Segundo ela, a menina nunca reclamou de ninguém que a estivesse incomodando e nunca namorou. "Não que eu saiba, mas, hoje em dia, com Facebook e WhatsApp, a gente nunca sabe o que pode acontecer", pontuou.
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Desde que a estudante desapareceu, a vida da família se tornou outra. Durante o dia, a casa fica cheia de parentes e amigos, que tentam ajudar de alguma forma, mas a noite demora a passar e as horas de sono são raras. Luciene fica com o celular no bolso 24 horas por dia, esperando ansiosa por qualquer notícia sobre o paradeiro da filha, e o coração dela acelera a cada vez que o telefone toca. "O celular não sai de perto de mim de jeito nenhum, mas, infelizmente, não estou aguentando receber ligações mais, porque às vezes acho que estou recebendo uma boa noticia, e são só as pessoas querendo saber novidade. Sei que está todo mundo preocupado, querendo ajudar, mas é difícil", desabafou.
De acordo com a mãe, Ana Paula nunca deu problemas. É estudiosa, caseira e sempre mantém a rotina de acordar cedo para ir à escola de van e voltar para a casa depois da aula para fazer o dever. Nos fins de semana, ela costuma ir para a casa das amigas uma vez ou outra, mas gosta mesmo é de sair com a mãe e com os irmãos, um menino de 17 e uma jovem de 21. "Os três sempre foram muito amigos. Minha menina mais velha está inconformada, não quer mais gravar entrevista, não quer mais falar, ver ninguém. Elas são muito ligadas, conversam muito, não tem aquela coisa de não dividir as coisas, elas vestem roupa uma da outra, usam o perfume, tudo".
Fato
No último sábado, quando Luciene chegou do serviço, por volta de 12h, Ana Paula já havia lavado todas as roupas dela e, após conversar com a mãe, como sempre fazia, pediu para ir à casa da amiga. "Eu disse que tudo bem, ela já tinha costume de ir, não tinha nada de mais, estava tudo tranquilo, normal. Ela estava feliz, alegre", contou a mãe.
A menina foi para o ponto de ônibus localizado em frente ao condomínio para esperar o pai da amiga, por volta das 17h40, mas não estava mais lá quando ele chegou, em torno das 17h55. "Tudo aconteceu em questão de minutos, ela chegou na portaria e evaporou, ninguém mais viu, não tem explicação. Se ela tivesse sido sequestrada, acho que eles já teriam entrado em contato com a gente, mas ninguém ligou para poder pedir nada. Creio também que ela não tinha motivo para fugir de casa".
Para ela, a filha está em alguma local no bairro Jardim Canadá ou no distrito Macacos. "Meu pressentimento é de que ela está por perto, meu coração de mãe diz isso, e estou muito confiante, com muita fé em Deus que ela vai aparecer", pontuou. Enquanto isso, a saudade se tornou a principal companhia da mãe, que imagina a todo o momento a cena de Ana Paula entrando em casa. "A única coisa que eu quero é abraçar e não largar minha filha, ver ela chegar aqui de braços abertos para mim. A dor é muito grande e não estou aguentando mais ser forte", disse, aos prantos, em um choro profundo que parece ter sido segurado durante toda a conversa, antes de ser confortada pelo abraço do marido.