Laudelina Machado, de 61 anos, que morreu após ser submetida a um procedimento estético para levantar os glúteos em uma clínica de Belo Horizonte, era mãe de dois filhos. Um deles mora fora do país, em Portugal, e não conseguiu acompanhar o enterro da mãe.
"É muito difícil. A parte mais difícil é não ter me despedido dela. Eu me lembro do meu último encontro com ela, quando estava vindo para Portugal. Lembro do último abraço, apertado, sinto o perfume dela até hoje”, diz Josué Machado, de 37 anos, emocionado.
Laudelina era pernambucana, da cidade de Araripina. Mas foi em Petrolina, a 300 quilômetros de sua cidade natal, que ela foi enterrada, no domingo, dia 10 de março. O filho caçula mora lá com a família.
Laudelina veio para Belo Horizonte há mais de 20 anos. O filho mais velho, o Josué, era jogador de futebol. Veio jogar na categoria de base do Cruzeiro. Abandonou a carreira aos 20 anos, mas a capital mineira passou a ser a nova casa da família.
“Minha mãe era uma mulher sensacional. Criou dois filhos sozinha, fazendo unha. Quando meu pai morreu, eu tinha dois anos. Ela era muito humana, colhia roupas em Minas e mandava para Pernambuco, para pessoas que não tinham. Era alegre e sorridente, meus amigos adoravam ela”, conta Josué.
Com o atual companheiro, ela vivia há dez anos. O casal morava atualmente em um sítio em Brumadinho, na Grande BH. Era ele que a acompanhava no dia da última sessão do procedimento e presenciou a morte da esposa.
Do outro lado do oceano, Josué ficou sabendo da morte da mãe por telefone. “Minha tia me ligou. Estava trabalhando. Não tive reação. Saí na hora e fui para casa. No caminho ‘minha ficha caiu’ e eu comecei a chorar muito”, conta o filho.
Ele diz que abriu mão de viajar para o Brasil para se despedir da mãe para pagar as despesas do velório e traslado do corpo de BH para Pernambuco, a cerca de 1.800 km. “Foram uns R$ 20 mil de custos. Meu irmão precisou viajar de última hora de Petrolina para Minas de avião. A passagem custa mais de R$ 3.000. Voltaram no carro da funerária, dois dias de viagem. Pagamos uns R$ 10 mil pelo serviço, e sem ter de onde tirar. A família toda ajudou”, conta Josué.
Justiça
A advogada da família, Débora Guimarães, diz que os filhos e o esposo da vítima estão acompanhando as investigações e querem justiça. “Ainda não saiu o resultado do laudo de necropsia com a causa específica da morte, mas ela morreu logo em seguida à aplicação do PMMA nos glúteos”, destaca a defensora.
A advogada afirmou que, se comprovado que a morte tem relação com o procedimento, a família pretende entrar com pedido de indenização na Justiça. “As investigações estão no início ainda, mas já descobrimos, por exemplo, que esse mesmo médico responde a pelo menos outros dois processos de outras duas pacientes que fizeram procedimentos com ele e tiveram resultados negativos. Ficaram completamente traumatizadas, com autoestima baixíssima. Não foi tão grave quanto a senhora Laudelina, que veio a óbito, mas é grave também”, comenta.