Junto a legumes, pães e produtos típicos de pequenas mercearias, um comerciante do bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste da capital, encontrou uma maneira inusitada de incentivar o hábito da leitura. João Alves, 45, disponibiliza parte de seus livros gratuitamente aos clientes.
Aberta há dois meses na rua Coronel José Benjamim, a mercearia-biblioteca Porteirinha funciona em horário comercial e conquistou leitores de outros bairros.
Não há exigências para fazer um empréstimo, é preciso apenas informar os dados pessoais aos proprietários do estabelecimento. “Nunca houve caso de alguém que não devolvesse obras. Pessoas de outros bairros vêm pegar livros emprestados e não há problema”, conta Daniel Lázaro, 22, sócio do estabelecimento e sobrinho de Alves.
O jovem explica que não é preciso nem mesmo fazer uma doação simbólica. No entanto, observa Lázaro, usuários e consumidores começaram a doar exemplares. É o caso do representante comercial Willer Gouveia, um dos mais assíduos, que, após pegar emprestado vários livros de Jorge Amado, doou obras.
Apesar de a mercearia também não marcar data para que o usuário entregue a obra escolhida, os leitores costumam ser rápidos na devolução. “Devolvi ontem mesmo um livro que peguei anteontem”, diz Gouveia. De acordo com Lázaro, cerca de 500 livros já foram catalogados.