O índice de mortes em acidentes no trecho mais perigoso da BR–381, entre Sabará, na região metropolitana da capital, e o município de João Monlevade, no Vale do Aço, caiu 53% entre os anos de 2010 e 2014, conforme apontou balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), detalhado com exclusividade para a O TEMPO nesta quinta pelo superintendente da corporação no Estado, Guido Mayol. O decréscimo foi acompanhado pelos acidentes e feridos contabilizados na estrada, de acordo com Mayol. Em entrevista à reportagem, ele atribuiu a redução à atenção dada a pontos mais críticos da rodovia e ao uso da tecnologia, e ressaltou que começaram a ser distribuídos nesta quinta aos policiais 874 aparelhos para emissão de multas digitais.
“Os balanços de acidentes são divulgados no fim de cada ano, mas ainda não tinha sido feito um comparativo dos últimos anos. Não havia sido observado que houve um decréscimo no número de acidentes, feridos e mortos nos últimos cinco anos, o que desmistifica esse apelido de Rodovia da Morte. Hoje, nós já temos rodovias em Minas e no Brasil que matam mais do que a BR–381.”
Nos 100 km do trecho, foram 96 mortos em 2010 e 45 óbitos registrados em 2014. Já os acidentes caíram 29%, passando de 1.556 em 2010 para 1.097 no ano passado. Foram 1.063 feridos em 2010 e 855 em 2014 – uma redução de 20%.
Tecnologia.Os novos aparelhos distribuídos nesta quinta aos policiais rodoviários são semelhantes a smartphones e praticamente cobrem todo o efetivo da corporação, que é de 930 homens. Eles são equipados com um programa que substitui o antigo bloco de multas, busca o histórico e situação do motorista e do veículo em tempo real, e realiza a notificação imediata. Os aparelhos custarão cerca de R$ 696 mil.
“A rodovia tem a mesma estrutura de quando foi criada, mas agora com 20 mil veículos passando por ela diariamente. É nessa rodovia que a gente trabalha e é por ela que somos cobrados. É por isso que usamos um sistema que tabula as ocorrências e identifica os pontos mais críticos por local e horários”.
Há duas semanas, a PRF recebeu mais dois radares binóculos, portáteis e com capacidade de obter a placa de um veículo distante até 800 metros. O Estado ainda possui 21 radares fotográficos, que também são móveis.
Engenheiro de transportes e professor da UFMG, Dimas Gazolla é favorável à tecnologia, mas pede precaução com os direitos dos motoristas. Ele acredita que os blocos de multas digitais poderão permitir a identificação imediata de carros roubados, dentre outros crimes. “Essa tecnologia será útil para melhorar a segurança”.
Duplicação
Obra. O Dnit informou que os repasses para a duplicação da BR–381 estão em dia e que a obra está em andamento. A previsão para conclusão da revitalização
é dezembro de 2019.
Operação
A operação Temática de Enfrentamento ao Narcotráfico da PRF, que começou em Minas Gerais no último dia 20, terminou nesta quinta com 34 pessoas presas nas rodovias do Estado e R$ 1 milhão encontrado no compartimento secreto de um carro. Também foram apreendidos cerca de 20 quilos de drogas e armas de uso restrito.
Currículo
Experiência. O superintendente da PRF em Minas Gerais, Guido Mayol, 40, entrou para a corporação em 2005 e trabalhou em cidades do interior de Minas Gerais, como Patos de Minas e Uberaba. Ele foi chefe da sessão de policiamento do Estado e superintendente substituto da corporação. Há aproximadamente um ano, ocupa o cargo de superintendente da corporação em Minas.
Formação. Guidio Mayol possui duas pós-graduações na área de políticas e estratégias nacionais, além de um MBA em gestão.