Luciane, Hugo, Marco Antônio e Denise optaram por utilizar a moto porque já não aguentavam mais o trânsito de Belo Horizonte. Você, provavelmente, também pensaria em trocar o meio de locomoção se soubesse que a motocicleta lhe pouparia até 28 dias de trânsito por ano. Isso se o transporte utilizado for o carro. Na comparação com os que andam de ônibus, a economia dos motociclistas é de 23 dias – o cálculo não leva em conta o tempo de espera no ponto de ônibus.
Os números têm como base o Desafio Intermodal, realizado pelo Mountain Bike (MTB-BH) no fim do ano passado. Os membros fizeram o percurso entre a praça da Savassi e o bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste da capital. O motociclista levou 19 minutos. No ônibus, o passageiro demorou uma hora e seis minutos. O motorista do carro, uma hora e 15 minutos. Considerado o trajeto de ida e volta, a diferença do tempo entre a moto e o carro foi de 112 minutos por dia ou 28 dias por ano.
De olho na economia, muitos moradores da capital têm optado pela moto. É o caso da estudante Luciane Ferreira, 30. Ela gastava três horas e 30 minutos para se locomover de ônibus e metrô entre sua casa, o trabalho e a faculdade. Hoje, de moto, o tempo caiu para uma hora. “Também tenho carro, mas não me atrevo a sair com ele porque chegaria horas atrasada”.
A produtora de eventos Denise Miraglia, 51, já fez o deslocamento de casa, no Sion, até o trabalho, na Savassi, ambos na região Centro-Sul, de carro e de ônibus, mas, há um ano, resolveu trocar os dois pela moto. Ela não se arrepende. “Tenho que me lembrar de ligar o carro de vez em quando para a bateria não arriar”, conta. Para ela, o automóvel, além de mais demorado e mais caro, era difícil de estacionar. No caso do ônibus, o trajeto até o ponto era muito perigoso.
O segurança Marco Antônio Santos, 45, pegou a moto da sobrinha emprestada um dia e acabou abandonando o carro. “Se o ônibus fosse bom, todo mundo usava. Mas eles vivem lotados”.
Público. Os engarrafamentos diários foram um incentivo para o aumento do número de motos na última década em Belo Horizonte. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 2002, eram 61 mil motos e, até abril último, já eram 191 mil – 213% a mais. Já o número de carros cresceu 94% no mesmo período, passando de 548 mil para 1,06 milhão.
Para o especialista em trânsito Marco Paiva, a capital precisa de um transporte público de massa eficaz para que as pessoas não optem por veículos individuais. “Hoje, até as motos já enfrentam congestionamento nos corredores”.