Enquanto crescem os índices de infrações e de carteiras de habilitação suspensas em Belo Horizonte, a busca pelo curso de reciclagem, obrigatório para que o motorista possa regularizar o documento e voltar a dirigir, é praticamente inexistente. O Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores do Estado de Minas Gerais (SIPROCFC-MG) informou que cerca de 0,5% da demanda das autoescolas mineiras é destinada ao curso. Por trás da baixa procura, segundo especialistas, estão a ausência de fiscalização e a falta de consciência de muitos condutores, que continuam circulando e repetindo erros no trânsito.
Só no ano passado, 4.873 motoristas receberam a suspensão na capital, um crescimento de 24% em relação a 2011, quando foram 3.932 condutores na mesma situação. Do total de 2012, apenas seis tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada, o que acontece quando a pessoa que teve o documento suspenso é flagrada ao volante. O Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) não informou quantos regularizaram a situação nem quantas carteiras chegaram a ser recolhidas. Neste mês, 3.039 condutores serão chamados ao departamento, na capital, para entregar a CNH. Eles têm ainda um prazo de 30 dias para recorrer.
"Infrator nas ruas tem um monte, mas a demanda não chega às autoescolas. As pessoas estão optando por enfrentar a lei", avalia o presidente do SIPROCFC-MG, Rodrigo Fabiano da Silva. Ele não soube precisar qual seria a demanda dos centros de formação se o curso fosse feito como determina a lei, mas acredita que seria maior do que a atual, considerando os 6,8 milhões de motoristas habilitados no Estado.
Nem mesmo o curso à distância, lançado neste ano em alguns centros de formação, ajudou a atrair mais interessados. A diretora de ensino da autoescola Super Podium, na capital, Jaqueline dos Reis Silveira, contou que, de janeiro até agora, não teve sequer um aluno para a reciclagem. "A nossa demanda é praticamente zero".
A situação se repete em outras partes do Estado, como em Viçosa, na Zona da Mata. "Tem 15 anos que tenho a empresa e nunca tive um aluno no curso de reciclagem", relata Sônia Alves, proprietária da autoescola Águia Branca. Segundo ela, a situação é a mesma nas outras nove concorrentes do município e do entorno.
Nos mutirões realizados pelo Detran-MG para finalizar os processos administrativos de suspensão da CNH, entre 65% e 80% dos convocados comparecem normalmente. Os demais não entregam o documento nem apresentam recurso.
Reciclagem. O curso, que custa em média R$ 400 e tem duração de 30 horas, é obrigatório quando a CNH for suspensa, seja por ultrapassar os 20 pontos no período de 12 meses ou por outras infrações .
"No fundo, o curso funciona como uma multa mais chata de se pagar", comenta o perito em segurança de trânsito Marco Paiva.
No entanto, ele avalia que a fiscalização nas ruas ainda é insuficiente para forçar o motorista a se regularizar. "As blitze são muito ineficazes pelo volume de trânsito". O professor do departamento de engenharia de transportes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dimas Gazolla também pondera que, pelo volume de acidentes e mortes no trânsito, a fiscalização contra infratores deveria ser mais rigorosa.
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Motoristas `fogem´ do curso de reciclagem em Minas Gerais
Para especialistas, baixa procura reflete a falta de blitze nas cidades
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