Depois de mais de 20 anos de abandono, o lendário Edifício Tupis, mais conhecido como Balança Mas Não Cai, no centro de Belo Horizonte, ganhará moradores em breve. As obras de reforma do prédio – paradas desde 2008, quando a construtora Diniz Camargos adquiriu o imóvel e refez sua fachada – foram retomadas no mês passado com a instalação de dois novos elevadores. A expectativa é que todo o interior seja concluído até o fim de 2015, para que os 66 apartamentos sejam, enfim, reocupados.
A retomada do movimento no tradicional edifício 749 da avenida Amazonas, na esquina com a rua Tupis, no coração da cidade, chamou a atenção de quem frequenta a região. Segundo o empresário Teodomiro Diniz Camargos, as obras recomeçaram em setembro com a preparação do prédio para receber dois novos elevadores, que já estão sendo instalados. O trabalho deverá ser concluído no próximo mês.
Antigo morador do Balança Mas Não Cai, o aposentado José Henrique Diniz escreveu um livro sobre o famoso edifício e apoia a revitalização do local, que considera ser um marco em sua vida. “Para mim é motivo de alegria. No meu livro, falo da tristeza de passar lá e ver o prédio em ruínas”.
Diniz morou no imóvel por 11 anos, entre 1957 e 1968, e se lembra que muitas pessoas que vinham do interior para estudar na capital moraram edifício.
“Aquilo, de certa forma, dava forças para a gente lutar para melhorar de vida. Agora, com ele voltando a ter vida, não deixa de ser prazeroso para a gente”.
História. Construído no fim da década de 1940, o Edifício Tupis logo recebeu o apelido de Balança Mas Não Cai devido às especulações em relação a sua solidez. Um problema em um dos pilares e também o fato da obra ter sido paralisada e retomada algumas vezes fomentaram as histórias sobre o lugar.
Inicialmente projetado para salas comercias, o prédio foi sendo desvalorizado em função da lenda e acabou virando uma grande república, reduto de jovens estudantes. Ao longo dos anos, sem manutenção, o edifício começou a se deteriorar, até ser abandonado na década de 90. Em 2000, após um pedaço da marquise cair, a prefeitura interditou o local, que passou a ser ocupado por moradores de rua até ser adquirido pelo empresário Teodomiro Diniz Camargos, em 2007.
“Falavam que eu estava doido, que não conseguiria vender, pois as pessoas têm medo do prédio. E eu falava: ‘veremos’”, conta Camargos, esclarecendo que o edifício não apresenta nenhum risco. Segundo ele, mais de 1.500 pessoas já demonstraram interesse em adquirir os novos apartamentos.
Preço
Unidades. Cada apartamento do prédio Balança Mas Não Cai deverá ser vendido por R$ 300 mil, segundo o proprietário Teodomiro Diniz Camargos, que ainda estuda os valores definitivos.
Saiba mais
Estrutura. Após a reforma, os 18 andares do edifício Balança Mas Não Cai serão divididos em 66 apartamentos de aproximadamente 40 m², com um e dois quartos. No primeiro andar já funciona, desde a reforma da fachada, uma loja de artigos para bebês e crianças, que será mantida.
Obras. Segundo o proprietário do prédio, Teodomiro Diniz Camargos, as obras de reforma do edifício ficaram paralisadas entre 2008 e o último mês de setembro em função de processos judiciais em relação à compra do edifício – alguns moradores antigos requeriam posse de apartamentos por usucapião. “Resolvi não fazer mais investimentos até que se resolvessem as ações judiciais”, afirmou o construtor, explicando que havia um receio de que os gastos fossem feitos e a obra fosse embargada. Segundo Camargos, os processos já estão praticamente resolvidos, por isso a retomada da obra.