Pai da escrivã Rafaela Drummond, de 32 anos, Aldair Drummond, afirmou nesta sexta-feira (23) que o fato de o delegado e o investigador que atuavam com a filha terem sido transferidos de delegacia “é um sinal de que as investigações estão seguindo”. Rafaela tirou a vida no último dia 9 de junho.
“Não deixa de fazer a diferença. Se foram transferidos, quer dizer que a polícia está atuando. Já está tendo transparência. Agora é só aguardar”, disse ele.
Os dois servidores que atuavam na delegacia de Carandaí, no Campo das Vertentes, foram transferidos nesta sexta-feira. A dupla vai continuar trabalhando junta na Delegacia Regional de Polícia Civil de Conselheiro Lafaiete. As transferências constam no Diário Oficial do Estado.
Fontes ouvidas pela reportagem indicam que eles são investigados por assédios relacionados à escrivã. As transferências ocorreram um dia após as investigações ficarem a cargo exclusivamente da Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC), localizada na capital. Inicialmente, a delegacia de Barbacena, responsável pela unidade de Carandaí, conduzia o caso. A mudança do delegado foi "a pedido", enquanto a do investigador foi por determinação da polícia.
"Minha vontade era de nem voltar para aquela delegacia", disse escrivã
Um novo áudio da escrivã Rafaela Drumond destaca episódios de assédio moral e perseguição que teriam sido cometidos pelo delegado que trabalhava diretamente com ela na delegacia da Polícia Civil de Carandaí, no Campo das Vertentes.
No áudio, que tem duração de pouco mais de dois minutos e foi enviado para uma amiga, a escrivã conta que teve uma briga com o delegado que ela trabalhava porque ele não queria transferi-la.
"Sabe qual é a minha vontade, doutor? Perguntar se a (nome de uma colega) quer voltar para Carandaí e eu vou para Lafaiete. Cheguei a mandar mensagem para a (nome da colega), mas ela falou: ‘É ruim eu trocar com você agora. Se estão acontecendo essas coisas com você, aí você ‘não sabe a missa a metade’. Eu não vou para aí não, se não a próxima vai ser eu. Ele mandou mensagem para o delegado regional, queimou meu filme com o delegado regional, como se eu não respeitasse hierarquia nem nada. E está esse inferno, ele diz que eu não abaixo a cabeça para nada e não admito que estou errada, mas eu não estou errada, o senhor que está implicando comigo", conta a escrivã num trecho do áudio.
Em um outro trecho da conversa, Rafaela também diz que devido a perseguições no ambiente de trabalho, um colega de profissão teria desenvolvido problemas emocionais.
"Não é à toa que o (nome de um colega) adoeceu, está com doença psiquiátrica e tem que vir outro escrivão para ajudar ele, que nem pode pegar em arma. Deu crise de ansiedade e depressão. Agora eu entendo o porquê, porque o delegado gosta de por terror psicológico e atazanar, e eu não abaixo, por isso que está uma confusão na delegacia, está um inferno de perseguição, minha vontade era nem voltar para aquela delegacia", diz a escrivã em outro trecho do áudio.
Com Lucas Gomes e Rayllan Oliveira