A Polícia Civil fará, nesta segunda-feira (23), a reconstituição do acidente que matou um garoto de 12 anos na Pampulha, na última quarta-feira (18). A cena será remontada no mesmo horário em que o atropelamento aconteceu, desde a chegada do motorista do caminhão à orla da Lagoa da Pampulha até o momento em que o veículo foi guardado no galpão, no bairro Bandeirantes. Segundo o delegado Ramon Sandoli, chefe da Coordenação de Operações Especiais (Cope) do Departamento de Trânsito de Minas (Detran), no mesmo dia serão ouvidas testemunhas para ajudar no esclarecimento do caso.
O suspeito de dirigir o caminhão que atropelou o garoto Claiton Bernardes Cabral se entregou à polícia nesta sexta-feira (20), pouco depois que o veículo envolvido no acidente foi identificado. Joel Jorge da Silva, de 56 anos, foi ouvido na tarde desta sexta-feira (20), no Detran, e liberado em seguida. Como o período de flagrante já passou e ele se apresentou espontaneamente, a Polícia Civil não pôde pedir a prisão temporária do suspeito. Durante o depoimento, o suspeito ficou o tempo todo de cabeça baixa.
Segundo o delegado, Silva já tem duas passagens pela polícia, por receptação e porte ilegal de arma. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do suspeito foi emitida em Santa Catarina e, por isso, a Polícia Civil vai solicitar informações sobre possíveis infrações de trânsito cometidas pelo motorista neste Estado.
O advogado do suspeito, Fernando de Lima, disse que a inocência de seu cliente será provada. "Ele está muito abalado. Ele não viu (o menino), ele não fez isso (o atropelamento) e vai ser provado".
Caminhão estava a cinco quarteirões do local do acidente
O veículo dirigido pelo suspeito de atropelar a vítima foi encontrado na rua Ligúria, 150, no bairro Bandeirantes, guardado em um galpão que pertence ao patrão do motorista. A garagem foi encontrada após cerca de 40 horas de investigação e fica a cinco quarteirões do local do atropelamento.
O caminhão foi apreendido e a perícia vai apontar se o suspeito conseguia ou não ver as placas de sinalização que proíbem o tráfego de veículos pesados na região onde a vítima foi atropelada. Em uma das peças que fica na parte traseira da carreta foram encontradas manchas de sangue, que serão analisadas.
Em entrevista a rádio Itatiaia, minutos antes de o suspeito se entregar, o delegado disse que havia presença de massa encefálica de Claiton Bernardes Cabral presa no caminhão, o que reforça a participação do veículo no atropelamento.
Família quer justiça
O pai da vítima, Adão Bernardes da Silva, de 50 anos, diz que quer justiça. "Não tenho raiva no coração, só queria que ele pagasse pelo que fez e assumisse", afirmou o comerciário.
Ele conta que, na casa da família, o clima é de tristeza. "Está terrível. A minha casa está com cheiro de enterro. A gente chora o tempo todo com saudade dele. Era um menino muito querido", disse.
Imagens
Uma equipe da Polícia Civil esteve na orla da lagoa da Pampulha um dia após o atropelamento. Os policiais analisaram imagens de uma câmera que flagrou o caminhão no local e ouviram duas testemunhas que relataram ter visto o homem fugir após atingir o garoto, em uma rotatória na praça Gustavo do Vale, no cruzamento das avenidas Otacílio Negrão de Lima e Sicília.
Nessas imagens, é possível identificar que um caminhão branco desceu a avenida Sicília, em direção à orla, cerca de uma hora depois do atropelamento (às 21h10).
Duas testemunhas prestaram depoimento à Polícia Civil afirmando ter visto o caminhoneiro fugir. Em relato à Polícia Militar, uma testemunha, que não teve o nome registrado no boletim de ocorrência, informou que o caminhoneiro foi avisado sobre o atropelamento, mas teria dito que “voltaria logo”. “Como estava escuro, ninguém soube descrever o suspeito.