O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, e a secretária de saúde da cidade, Ana Paula Nascimento, foram presos na manhã desta segunda-feira (18), pela Polícia Federal. De acordo com a corporação, as prisões aconteceram durante a operação “Máscara da Sanidade II - Sabotadores da Saúde”.
As investigações apontaram que, direta e indiretamente, o político e a secretária procuraram inviabilizar a existência e o funcionamento do Hospital Universitário Clemente Faria, Santa Casa de Misericórdia, Fundação Aroldo Tourinho e Fundação Dilson Godinho.
Em nota, Ruy Muniz afirmou que não há razão para prisão preventiva e que não tem nada a esconder. Ainda segundo o prefeito, ele e a secretária "já prestaram espontaneamente esclarecimentos aos órgãos de controle do Estado e da União".
FOTO: UARLEN VALÉRIO |
Hospital público foi prejudicado pelos investigados, segundo investigações |
A intenção dos suspeitos seria beneficiar o Hospital das Clínicas Mario Ribeiro da Silveira, uma instituição particular comandada pelo prefeito e seus familiares. Ao todo, a operação cumpriu simultaneamente oito mandados judiciais, sendo quatro de busca e apreensão, nas residências dos suspeitos, dois de busca pessoal, para apreensão de celulares e smartphones dos dois, além dos mandados de prisão preventiva.
O político, que está em Brasília, e a secretária, detida em Montes Claros, já foram denunciados junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região e vão responder por crimes de falsidade ideológica majorada, dispensa indevida de licitação pública, estelionato majorado, prevaricação e peculato. Caso sejam condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 30 anos.
Segundo a corporação, mais detalhes do caso será repassado à imprensa no início da tarde durante uma coletiva de imprensa.
Consultas suspensas
De acordo com a PF, em 2015, os investigados fizeram a retirada de cerca de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais, que atendem pelo Sistema Único de SUS uma população de aproximadamente 1.600.000 pessoas, distribuídas nos 86 municípios situados no Norte de Minas Gerais.
Ainda conforme as denúncias, o prefeito teria usado indevidamente verbas públicas.
Vídeo de Raquel Muniz repercute entre internautas
“O meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com a sua gestão”. A frase é da deputada federal Raquel Muniz (PSD), mulher Ruy Muniz, ao justificar o voto a favor do prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma, que aconteceu nesse domingo (17). Após a prisão do político, internautas começaram a repercutir o vídeo em redes sociais.
Entre os vários comentários, inclusive na página de Raquel no Facebook, os usuários chamam a atenção pelo fato do político ter sido preso um dia após o discurso da companheira, que votou, segundo ela, “pela volta do crescimento do Brasil”. Até a manhã desta segunda-feira (18), o vídeo já contava com mais de 845 compartilhamentos e 864 comentários.
Veja o vídeo e a repercussão:
Leia nota de Ruy Muniz à imprensa
Ruy Muniz e Ana Paula Nascimento são pessoas de bem, altamente qualificadas, possuem endereço fixo e prestam um serviço público acompanhado diariamente por centenas de servidores municipais, estaduais e federais.
Não há razão jurídica para prisão preventiva dos mesmos por não haver risco a ordem pública, nem perigo de fuga dos acusados e nem haver qualquer indício de obstrução da justiça.
Há sim motivação política na ação do Ministério Público Federal em tratar a questão dos contratos dos hospitais de Montes Claros junto ao Sistema Único de Saúde de forma a criminalizar ações de governo legítimas, embasadas em pareceres técnicos de servidores concursados que concluíram que os serviços contratados não estavam sendo plenamente prestados.
Ruy Muniz e Ana Paula já prestaram espontaneamente esclarecimentos aos órgãos de controle do Estado e da União. Não há desvio de recursos públicos. Não há nenhum desvio de conduta por parte dos gestores da saúde municipal. Todos os recursos são aplicados sob o intenso crivo do Conselho Municipal de Saúde e da Secretaria Estadual da Saúde, atual detentora do poder de contratar prestadores hospitalares.
A divergência política impera no caso da gestão da saúde do município de Montes Claros. De um lado toda a equipe técnica da Prefeitura Municipal liderada pela Secretária de Saúde e seu Prefeito Municipal com a clara filosofia de contratar produtos e serviços à preços justos, auditar os prestadores e pagar pelo que efetivamente é entregue. De outro um grupo político claramente alinhado aos prestadores e ao Governo do Estado. Visam única e exclusivamente um projeto de poder destrutivo que aparelha instituições públicas. Estão insatisfeitos com perda de privilégios junto a Prefeitura e manifestam público desejo de vingança e atua em diversas frentes para desestabilizar a gestão do Prefeito Ruy Muniz.
A Prefeitura de Montes Claros implantou a secretaria de Prevenção e Combate à Corrupção e mantém ações constantes em prol da preservação do patrimônio público. Num país que passa por uma crise política, econômica e ÉTICA, a atual gestão adotou o lema TOLERÂNCIA ZERO À CORRUPÇÃO.
Todos os serviços da Prefeitura continuarão em regime de NORMALIDADE. As escolas municipais funcionarão normalmente, as unidades de saúde atenderão dentro da rotina usual, a limpeza urbana e todos os demais serviços continuarão à disposição dos cidadãos.
Queremos acreditar que o timing dessa decisão judicial e consequente ação policial não tenha relação com os fatos ocorridos no dia 17 de abril. Ainda estamos checando as informações, datas e solicitando a cópia integral da decisão judicial. Temos fé nas instituições brasileiras. Confiamos na justiça e respeitaremos qualquer decisão judicial, ainda que não concordemos com o seu teor.
Solicitamos a todos os que apoiam nosso projeto que se mantenham vigilantes para qualquer arbitrariedade. Não temos nada a esconder. Somos pessoas de bem e estamos à disposição da justiça e da sociedade para qualquer esclarecimento.
Atualizada às 17h15.