Na data em que completa um mês da morte da travesti Mirella de Carlo, 39, neste domingo (19), transexuais, transgêneros e travestis de Belo Horizonte vão realizar um ato para cobrar rigor na investigação da morte dela e de outras 24 trans somente neste ano no Brasil. O ato, que será às 14h na praça Sete, também tem o intuito de trazer visibilidade às pessoas trans.
Mirela foi morta no dia 19 de fevereiro. Segundo a Polícia Militar ela foi sufocada com uma toalha de banho e sofreu agressões físicas no apartamento onde morava no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital. Uma amiga que mora com ela contou que achou Mirella triste, mas ela disse que estava tudo bem.
A amiga saiu para uma festa e quando chegou em casa, achou que Mirella estava dormindo já que a porta estava fechada. Quase sete horas depois ela estranhou o fato da trans não ter saído do quarto e quando entrou viu a vítima com uma toalha enrolada no pescoço.
O namorado da vítima disse que conversou com ela pelo telefone na noite do crime e que ela desligou o telefone dizendo que atenderia a porta. Não havia sinais de arrombamento na casa.
A família de Mirella que mora em Aracaju, Recife, reclama da demora da polícia na apuração e da falta de informações aos familiares, eles suspeitam que o ex-companheiro dela tenha cometido o crime.
“Ele já estava ameaçando ela há algum tempo e ela já tinha até pensando em voltar para Recife. O problema é que estamos muito longe e não temos como acompanhar as investigações mais de perto”, afirma Valdeci Santos, 44, irmã da vítima.
Segundo ela, o ato em Belo Horizonte será muito importante para cobrar respostas da polícia sobre o caso. “A Mirella era muito querida por todos e muito conhecida. Como nós não podemos estar em Belo Horizonte a gente conta com a ajuda de ativistas dai para essas cobranças”, diz Valdeci.
Além de cobrar respostas para a morte de Mirella, o ato também busca trazer visibilidade para as pessoas trans. “Nós queremos dar um grito para mostrar que essas pessoas existem. E mostrar também que está ocorrendo um genocídio de pessoas trans. Não queremos só resolver esse caso da Mirella, mas causar uma sensibilização para a causa”, explica Rhany Mercês, mulher transexual, ativista e diretora do Cellos (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual em Minas Gerais).
Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou que o caso da Mirella ainda passa por investigações e que diligências estão sendo realizadas e testemunhas já foram ouvidas, mais informações não serão repassadas para não atrapalhar as investigações.