O sargento da Polícia Militar (PM) de Caratinga, Francisco Edvalter Neves, foi baleado na madrugada desta terça-feira (18) em um bar na cidade de Dom Cavati, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A polícia conseguiu prender em flagrante dois homens suspeitos de serem o mandante e o executor do crime. O crime teve motivação passional.
Conforme informações do delegado Fernando Lima, responsável pela Delegacia Regional de Caratinga, ambos foram presos em flagrante. A investigação da polícia constatou que o dono do bar identificado pelas iniciais J.S.S, de 63 anos, mandou matar o sargento da PM depois que descobriu que a vítima tinha um relacionamento com a ex-mulher dele. Ele teria pago o amigo, identificado pelas iniciais M.A.O, de 36 anos, mas conhecido na região como "Guará", para executar o crime.
As apurações confirmaram que o sargento mantinha um relacionamento com a ex-companheira da vítima. "Chegamos a essa constatação já que no celular do militar havia várias mensagens para a ex-mulher do dono do bar", contou o delegado.
"Os dois detidos são amigos. Tanto o dono do bar, quanto o Guará são amigos de longa data. Eles mantiveram conversas pelo telefone antes e após o crime", explicou Lima.
Ainda ficou constatado pela perícia que a bala extraída da cabeça da vítima é de calibre .38. A arma encontrada o Guará é de mesmo calibre. "O revólver passará por um exame de balística para comprovar que ela foi usada no crime", encerrou o delegado.
Um inquérito foi aberto para apurar o caso. A polícia tem até dez dias para concluir as investigações. Os dois detidos foram encaminhados para o presídio de Inhapim.
Entenda o caso
Conforme informações do boletim de ocorrência, por volta de 3h, a polícia foi acionado para atender uma ocorrência na avenida Washington Luiz, no centro. No local, o sargento foi encontrado baleado e caído no chão próximo ao seu carro, um Fiat Siena. A vítima foi atingida por três tiros na região da cabeça.
Neves foi socorrido por uma ambulância municipal e encaminhado para o Hospital Márcio Cunha, na cidade de Ipatinga. O sargento foi submetido a uma cirurgia e segue internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Uma funcionária do estabelecimento contou a polícia que a vítima chegou ao local por volta das 0h. Em seguida, bebeu uma taça de vinho, saiu do estabelecimento e retornou após 30 min. Por volta de 2h, a vítima saiu novamente do bar.
Imediatamente após sair do estabelecimento comercial, o sargento foi baleado. Uma outra funcionária também escutou os disparos de arma de fogo e informou aos militares ter ouvido, também, barulho do motor de uma motocicleta, deixando o local após o crime.
O dono do bar disse ter visto a vítima deixar o local e, em seguida, ter sido abordado por dois homens em uma motocicleta. O carona teria descido e atirado três vezes contra o sargento.
O que levantou a suspeita dos militares foi o que disse a ex-companheira do suspeito. A mulher identificada apelas iniciais M.R. Ela explicou à polícia que conheceu o sargento há quatro meses, quando ela ainda era responsável pelo bar e chegou a comprar algumas blusas na mão dele. Ainda segundo ela, o então, marido tinha ciúmes do militar. Em uma ocasião, o dono do bar teria dito a ex-companheira que o sargento seria um dos "seus machos".
Em função do ciúmes possessivo do suspeito, a mulher chegou a cancelar uma entrega de camisas. Ela explicou ainda que, nesta terça-feira, o ex-companheiro ligou para ela, por volta de 3h30, dizendo que havia matado o homem de Caratinga e pedindo para que ela ligasse para a polícia.
A filha da ex-companheira do dono do bar afirmou ter visto ele ligou para ela, na noite de segunda-feira (17) pedindo para que encontrasse com ele para pegar algumas mercadorias. Ao encontrar com ele, ela disse ter visualizado uma grande quantidade de dinheiro de posse do homem.
Para a testemunha, o dinheiro seria para o pagamento do executor do crime. Segundo ela, o dono do bar tem muito ciúmes da mãe dela. A família toda está temerosa desde que o homem disse suspeitar que a mãe dela estivesse mantendo uma relação com o sargento.
Outras testemunhas viram J.S.S realizando telefonemas do seu celular por volta de 0h30 e 3h30. No telefone do suspeito, foram encontradas vários registros de telefonemas para o número de telefone de um homem identificado pelas iniciais M.A.O, de 36 anos, mas conhecido na região como "Guará".
Na casa desse M.A.O,a esposa dele explicou que foi dormir às 21h e o marido não havia chegado. Guará só chegou em casa por volta de 5h, não disse o que tinha feito, saiu novamente e ligou para a mulher dizendo que iria se entregar à Polícia Civil Delegacia da cidade de Inhapim.
Guará foi encontrado escondido em um cafezal, na zona rural do município de Dom Cavati. Ele disse que estava trabalhando, no entanto, não havia no local água, comida ou ferramentas de trabalho. Próximo havia um cômodo, onde foi encontrado pertences do suspeito, escondido em baixo de um colchão embrulhado em uma blusa, um revólver calibre .38 com cinco cartuchos intactos. Guará confirmou que a arma era dele.
O suspeito contou à polícia que encontrou com o dono do bar e que este lhe entregou um pacote, contendo dez cartuchos calibre .38 intactos. Mas não soube informar onde estava os cinco outros cartuchos. Ele recebeu voz de prisão. O dono do bar também foi detido.
Ambos foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil de Caratinga. Até às 20h desta quarta, os suspeitos estavam sendo ouvidos pelo delegado Fernando da Polícia Civil.