Uma adolescente de 17 anos desmaiou e precisou ser socorrida para o hospital após um trote na cidade de Três Corações, no Sul de Minas na manhã da última terça-feira (7) em frente a Universidade Vale do Rio Verde (Unincor). A jovem é caloura do curso de medicina veterinária e contou à Polícia Militar que foi amarrada junto com outros calouros e obrigada a ingerir alimentos que ela não queria. Além disso, um preservativo foi colocado em sua boca.
Segundo o relato da adolescente à polícia militar, ela foi obrigada a comer gengibre, jiló, cebola, ovo cru com pão e ovo com açúcar. “Ela nos disse que foi amarrada junto a outros estudantes em frente a universidade na avenida Castelo Branco, no bairro Chácara das Rosas. Algum dos alimentos que ela ingeriu, ou talvez o susto, fez com que ela desmaiasse e precisasse ser levada para o Hospital São Sebastião, que nos acionou para atender a ocorrência às 11 horas da manhã”, contou o tenente André Barbosa da PM de Três Corações.
Ainda segundo a PM, no hospital foi constatado que ela ingeriu alguma coisa que lhe fez mal. A menina foi medicada, tomou soro na veia e foi liberada. A suspeita é que o trote tenha sido realizado por estudantes veteranos do curso de medicina veterinária. “Nós chegamos a ir em frente da universidade para ver se encontrávamos estudantes que fizeram o trote ou outros que foram vítimas, mas não encontramos ninguém. Por isso ainda não temos certeza de quem tenha cometido o ato contra a estudante”, disse o tenente.
Em relato à PM a adolescente disse que funcionários e seguranças da da Unincor de Três Corações presenciaram o acontecimento. A vítima disse que foi socorrida por outros estudantes e seu namorado a acompanhou no hospital. Ela desmaiou logo depois que um preservativo foi colocado em sua boca. A menina disse ter ficado muito assustada com a situação e que depois disso ela não se lembrava de nada. “Quando chegamos ao hospital a menina estava muito confusa, assustada e com dificuldades de contar o que aconteceu”, disse o tenente.
De acordo com o militar, não é comum este tipo de trote na cidade. Após o atendimento a menina, foi lavrado um Boletim de Ocorrência (BO) por constrangimento ilegal e o caso foi encaminhado a Polícia Civil da cidade de Três Corações.
A Polícia Civil da cidade informou que abriu inquérito para investigar o caso nesta quarta-feira (8) e que ao longo dos próximos dias pretende ouvir a menina e os responsáveis pela universidade, a fim de encontrar os alunos que praticaram o trote.
A reportagem de O TEMPO não conseguiu contato com a vítima.
Universidade procura envolvidos para tomar medidas cabíveis
A UninCor, por meio da assessoria de imprensa, informou que repudia qualquer tipo de trote abusivo que cause constrangimento, humilhação ou violência contra qualquer pessoa.
“Ao saber do ocorrido, a universidade buscou informações junto a alunos e ao próprio Hospital, para onde a aluna foi encaminhada. Em seguida, a instituição entrou em contato com a família e com a própria aluna colocando-se à disposição e prestando toda a assistência necessária”, informou a Unincor por nota.
A instituição salientou que o trote não aconteceu em suas dependências, mas mesmo assim está apurando o que aconteceu para tomar as medidas cabíveis contra os envolvidos ou responsáveis pelo trote.
“A UninCor reitera que, nos últimos anos, vem desenvolvendo em conjunto com as Coordenações de Curso, professores e alunos trabalhos voltados ao fomento do Trote Solidário com arrecadação de alimentos e mantimentos que são revertidos para instituições filantrópicas”, concluiu a universidade.
De acordo com a Unincor "osTrotes Solidários são realizados todos os inícios dos períodos letivos e organizados pelas Coordenações de Curso em parceria com o Núcleo de Orientação Psicopedagógica envolvendo alunos e professores como forma de estimular a responsabilidade social, promover uma integração entre os alunos e ajudar instituições filantrópicas da cidade - não só em Três Corações, como nos Campi Pará de Minas, Belo Horizonte, Betim e Caxambu".
A universidade ressaltou ainda que "assim que identificaram a situação, os porteiros reportaram as informações a outros setores da universidade que foram até o local para orientar os calouros quanto a não-obrigatoriedade de participarem do trote, argumentar com os veteranos e, também, buscar informações junto a alunos e ao próprio Hospital, para onde a aluna foi encaminhada", informou a Unincor.
A instituição tem cinco unidades em Minas Gerais, uma em Belo Horizonte, outra em Betim, na região metropolitana da capital e três unidades no interior: em Três Corações, Caxambu e Pará de Minas.