A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) " responsável por 70% dos casos de câncer do colo de útero e 90% das verrugas genitais " já está disponível para venda em Belo Horizonte. Restrito às mulheres de 9 a 26 anos, o medicamento foi liberado no país no final de janeiro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No entanto, o seu preço ainda não é acessível. Cada uma das três doses obrigatórias " a segunda é aplicada depois de dois meses da primeira e a terceira, após quatro meses da segunda " custa R$ 364,16.
Apesar de esse ser o preço máximo estabelecido pela Anvisa, a dose pode ser encontrada por até R$ 600 em hospitais particulares da capital mineira. Considerando o valor mínimo, a aplicação das três doses ultrapassa R$ 1.000.
Segundo a assessoria do Ministério da Saúde (MS), a distribuição gratuita ainda será avaliada, o que não tem previsão de data.
O MS informou também que o custo da dose é um dos principais impedimentos para que ela seja oferecida na rede pública. Além da negociação de preços com fabricantes, o MS irá definir que grupo de pessoas deve ser vacinado.
O coordenador do programa de combate ao câncer de colo de útero e de mama da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Sérgio Martins Bicalho, no entanto, defende a distribuição na rede pública o mais rápido possível.
"Esse tipo de câncer (colo de útero) é o terceiro mais incidente nas mulheres de Minas. O primeiro é o de mama e o segundo, o de pele", disse. O grande número de mulheres no Estado e a cultura da população, segundo o coordenador da SES, reforçam essa necessidade.
"Minas tem cerca de 9,7 milhões de mulheres. Além disso, todo o assunto que envolve atividade sexual gera polêmica e resistência", afirmou.
Camisinha
Para a ginecologista e obstetra Iracema Maria Ribeiro da Fonseca, presidente do Comitê de Patologia do Trato Genital e Colposcopia da Sociedade Ginecológica de Minas Gerais, o preservativo masculino ainda é a opção mais viável para prevenir o papilomavírus.
"A camisinha ajuda a prevenir as DSTs, mas não é 100% garantida, já que pode furar durante o ato sexual. Mas é melhor usá-la do que se expor ao vírus", disse. Outro método de prevenção é o controle ginecológico. Iracema disse que toda mulher deve fazer o exame de Papanicolaou, no mínimo, uma vez por ano.
"Qualquer alteração nas células do tecido uterino pode ser detectada no exame. Se o HPV ou até mesmo o câncer forem detectados em fase inicial, podem ser tratados e curados", afirmou.
Origem
Até hoje, nenhum estudo científico comprovou a origem do papilomavírus, mas, sim, os efeitos desse vírus no organismo " formação de verrugas e desenvolvimento do câncer. A vacina contra o HPV, chamada de quadrivalente, combate quatro dos cem tipos do vírus.
Ela oferece imunidade contra os sorotipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo de útero, e os sorotipos 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais.
A patologista clínica responsável pelo setor de vacina do Hospital Mater Dei, onde há disponível a vacina quadrivalente, Cleusa Maria Vieira Miguel, disse que o medicamento combate os quatro piores e mais incidentes tipos do HPV.
Segundo ela, até 99% das mulheres com câncer de colo do útero foram infectadas antes por esse vírus.
"Cerca de 18 mil mulheres adquirem câncer de colo de útero por ano no Brasil. No mundo, são cerca de 400 mil novos casos, sendo que 55% morrem", afirmou. O Instituto Hermes Pardini também oferece a quadrivalente por R$ 480 a dose. Para reservar a vacina, deve-se ligar para o telefone (31) 2121-6200.
Prefeitura e Opas vão fazer parcerias
FREDERICO GONTIJO/ ESPECIAL PARA O TEMPO
A Prefeitura de Belo Horizonte e a Organização Panamericana de Saúde (Opas) vão se unir com o intuito de definir estratégias comuns e parcerias para a região metropolitana.
Ontem o presidente da Opas, Diego Victória Mejía, esteve na capital para discutir as ações integradas que podem ser adotadas e a Secretaria Municipal de Saúde acertou o calendário para a assinatura de convênios e execução de projetos.
O conselheiro em Sistemas e Serviços em Saúde da Opas, Júlio Manuel Suárez, destacou as estratégias da entidade voltadas para Belo Horizonte: desenvolver um novo modelo metropolitano de atendimento à saúde, avaliação do sistema BHTelessaúde (parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais que coloca profissionais de saúde em contato via teleconferência), estímulo ao Programa Saúde da Família (PSF), desenvolvimento do caráter intersetorial dos atendimentos de saúde e um plano municipal para que Belo Horizonte atinja as metas do programa Objetivos do Milênio da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para o secretário municipal de Saúde, Helvécio Magalhães, que preside o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), com a assessoria da Opas, a secretaria espera ter a participação do Conasems no Conselho Nacional de Saúde, órgão do Ministério da Saúde responsável políticas nacionais na área.