Investigação
PSB quer caixa-preta nos EUA
Partido acredita que investigação no exterior poderá ser mais eficaz para recuperar dados; outras siglas também defendem comissão externa de investigação
A caixa-preta do avião que caiu, matando o candidato à Presidência da República Eduardo Campos e outras seis pessoas, deverá ser analisada nos Estados Unidos. O envio do equipamento ao exterior é uma possibilidade já que o fabricante do Cessna 560 XL Excel é norte-americano e poderia solicitar o procedimento.
A possibilidade foi discutida internamente pelo PSB, partido de Campos, que não está satisfeito com a informação de que a caixa-preta não fez as gravações do voo, que poderiam indicar o que provocou o acidente. “Essa é uma possibilidade e surgiu dentro do próprio PSB. Muitos membros da legenda não se conformam com a falta de respostas”, disse membro da sigla no Recife, sob condição de anonimato. A expectativa da sigla é que uma nova análise no exterior possa elucidar as causas da tragédia.
Oficialmente, a hipótese não foi definida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável pelas apurações. Através da assessoria de imprensa, o órgão explicou que a possibilidade existe, já que a empresa responsável é norte-americana e poderia solicitar uma segunda análise.
No entanto, ainda de acordo com o Cenipa, a transferência da caixa-preta para os EUA só poderá ser autorizada se o órgão entender que isso não prejudicará as investigações já iniciadas no Brasil.
Sobre as reclamações de falta de transparência sobre detalhes do que provocou a tragédia, o órgão responsável pela investigação informou que somente agora os dados estão sendo processados. A reportagem entrou em contato com a assessoria da direção nacional do PSB, que informou não ter ainda um posicionamento definitivo sobre a questão.
Congresso
Diante das dúvidas sobre a causa do acidente que levou à morte das sete pessoas, parlamentares defendem a formação de uma comissão externa mista no Congresso para acompanhar de perto as investigações e a quebra, ainda que parcial, do sigilo das informações.
Como mostrou O TEMPO nesse sábado, o PSB vai articular para que as duas medidas sejam concretizadas. A informação foi dada pelo presidente do PSB de Minas, o deputado federal Júlio Delgado.
E não é só o PSB que defende essa medida. Procurado, o deputado federal Domingos Sávio (PSDB) disse acreditar que a comissão pode pressionar para dar mais “agilidade e transparência” às apurações. “Prefiro não especular (se houve sabotagem), acreditamos que foi um acidente. O Congresso deve, sim, formar uma comissão externa e deve ter acesso às informações sigilosas”, disse.
A Lei 12.970 de 2014, prevê que o Cenipa tenha acesso prioritário e exclusivo sobre os processos que envolvem acidentes aéreos no Brasil. O deputado, porém, defende que nem todas as informações sejam divulgadas para não colocar em risco a credibilidade das investigações.
Outros parlamentares apontam a ausência de gravação do voo da caixa-preta do avião como um aspecto “estranho”. De acordo com o deputado federal Geraldo Thadeu (PSD), que participou da CPI do Apagão Aéreo, é preciso garantir o acompanhamento de toda a investigação. “Era um candidato à Presidência da República e é preciso saber o que ocorreu de fato. Por isso sou favorável à formação da comissão externa e também da quebra de sigilo”.
O também deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB) é favorável à quebra do sigilo dos dados. “Quanto mais transparência melhor, mas acredito que as pessoas que eram ligadas a ele é que precisam acompanhar de perto a apuração. É uma questão da família”, avaliou.