Guerra virtual
Tentativas de censura na rede são contabilizadas por site
Desde o início da campanha, 78 ações judiciais foram movidas por candidatos ou coligações
Candidatos e partidos políticos que tentam remover da internet algum tipo de conteúdo – como reportagens, vídeos e até mesmo resultados de pesquisas eleitorais – que consideram negativo para suas campanhas estão mais expostos nas eleições deste ano. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) criou uma ferramenta que aponta o nome do candidato, partido, Estado, cargo que disputa e o motivo pelo qual ele tentou censurar conteúdo na web.
Para colocar o site no ar, a Abraji fez parcerias com empresas de comunicação, tecnologia e de pesquisa que costumam ser alvos de processos para que retirem seus materiais do ar. Desde o início da campanha eleitoral, 78 ações judiciais foram movidas por candidatos ou coligações com esse objetivo.
Para se ter uma ideia, a Google é ré em nada menos que 67 ações, o Ibope responde a quatro, o jornal “Gazeta do Povo”, do Paraná, a três e o grupo “Folha” é ré em dois processos.
O presidente da Abraji, José Roberto Toledo, afirma que o projeto nasceu de uma percepção de que, em época eleitoral, as tentativas de censura a conteúdos que envolvem os políticos são mais comuns. Os resultados, até agora, comprovam, de certa forma, a desconfiança da entidade, de acordo com Toledo.
O projeto firmou parcerias com empresas que costumam ser alvos dessas ações para que alimentem ferramenta. “Elas fazem um cadastramento dos processos. A gente só coloca os pedidos de retirada de conteúdo relacionado a eleições, mas não entramos no mérito se ele foi atendido ou não pela Justiça. Funciona como uma base de dados”, explica o jornalista.
Em Minas Gerais, são duas as ações. Uma do candidato ao governo do Estado Fernando Pimentel (PT), que entrou com uma ação contra a Google para que a empresa retire do ar um vídeo em que aparece recebendo apoio do ex-governador Newton Cardoso (PMDB). Na ação, a coligação de Pimentel relata que o conteúdo aparece como anúncio pago a usuários do “Youtube”, o que seria proibido pela Justiça Eleitoral.
Outra ação é do deputado estadual e candidato à reeleição Paulo Guedes (PT) contra o jornalista Fábio Oliva, que denunciou, em reportagem publicada em seu blog, a evolução patrimonial do petista entre 2006 e 2010. A Justiça deu ganho de causa ao jornalista no dia 18 de julho, em decisão liminar.
Quem quiser consultar as informações, basta acessar o site: www.eleicaotransparente.com.br.
Estimativa
Lista. Como o site é alimentado apenas pelas parceiras – empresas que foram acionadas na Justiça pelos candidatos –, o número de ações contra conteúdos publicados na rede pode ser maior.