Brasília. Em 2008, dois anos após o primeiro relatório do Tesouro dos EUA, os serviços de inteligência da Polícia Federal já apontavam para a região Sul do país. “O Globo” teve acesso à parte do acervo produzido que lista prisões de libaneses, identifica remessas de drogas e confirma a perigosa associação dos libaneses com a facção criminosa de brasileiros.
O trabalho de monitoramento incluiu ainda missões para vigiar estrangeiros de origem libanesa que circulavam pelas cidades de Foz, Ciudad del Leste e Porto Iguazu, na Argentina. Os documentos reúnem desde listas de nomes e períodos de hospedagens em hotéis até registros de um suposto risco de atentado terrorista no Brasil.
No dia 28 de agosto de 2008, relatório de inteligência assegura que recebeu informe de “fonte não comprovada” de que um estrangeiro “integrante de uma organização terrorista” estaria viajando para Brasília para executar um plano de assassinato.
Há ainda a descrição de ações na Ponte da Amizade, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Em fevereiro de 2008, por exemplo, policiais pararam um veículo em que estavam o libanês Mostapha Hamdan e o sírio naturalizado paraguaio Farouk Sadek Abdou. Esse último, pouco antes de ser abordado, tentou destruir um papel onde havia 17 números de telefones. Em abril do mesmo ano, a área de inteligência disparou um alerta sobre a atuação do PCC no Paraná. Havia suspeita de que armas contrabandeadas seriam usadas no resgate do preso Leandro Antonio, o Chacal.