Durante o festival Dionísicas, o Teatro Oficina transmitiu as apresentações ao vivo, via streaming, para um público virtual que crescia a cada cidade, interessado em ver como o mesmo espetáculo que presenciou ganharia nova forma diante da próxima plateia.
Se tais transmissões não substituem a experiência teatral como aponta o editor de web do grupo, Tommy Pietra , elas se tornaram, contudo, uma forma derivada, coerente com a presença virtual prevista na linguagem do Oficina. E a tendência é que a internet interfira cada vez mais nos espetáculos, diz Pietra.
São, porém, experiências provocadoras de discussão tanto quanto os sites que disponibilizam espetáculos registrados em vídeo O crítico carioca Daniel Schenker é um dos que manifesta certo temor pela prática: Isso me soa estranho em relação a uma manifestação artística cuja especificidade é a presença ao vivo do ator diante do espectador, argumenta. Em todo caso, o mais importante é a possibilidade de registro.
O ponto de vista concorda com o do conterrâneo Macksen Luiz, para quem o ambiente virtual tem limitações ao captar espetáculos teatrais, cuja recepção se dá corpo a corpo.
Essa é uma questão complexa porque ainda estamos no calor das mutações na recepção do espetáculo, pondera o crítico paulista Valmir Santos.
Há quem a enxergue como desenvolvimento natural do teatro, nas últimas décadas, completamente atravessado por outras artes, como diz Daniele Ávila, da Questão de Crítica. A internet coloca em xeque algumas premissas básicas dos modos de fruição das obras, embaralhando noções de presença, convivência e interação. Ainda estamos aprendendo a lidar com as mudanças.
O hibridismo de linguagem é o caminho trilhado pelo site Teatro para Alguém, que produz espetáculos pensados para a internet. É uma possibilidade de levar o teatro para a rede, encontrando um sentido para ele nessa nova linguagem, opina o carioca Lucianno Maza. (LR)