O Festival Artes Vertentes, em sua terceira edição, comprova a vocação artística da cidade de Tiradentes, no interior do Estado. Com abertura hoje, a programação, que vai até 21 de setembro, se centra na qualidade artística e numa profusão impressionante de expressões e artistas vindos de várias partes do mundo.
“Tiradentes proporciona a experiência perfeita desses festivais europeus, onde várias expressões artísticas convivem em um ambiente mais concentrado, menos cosmopolita”, aponta a russa Maria Vagrova, com eloquência em seu português incrível e fluente. Ela, ao lado de Gustavo Carvalho, é responsável pela direção do festival.
Como costuma acontecer, o Artes Vertentes escolhe um artista residente que permanece em Tiradentes durante todos os dias de programação e apresenta seus vários trabalhos. O escolhido deste ano é o palestino Samir Odeh-Tamimi, artista radicado em Berlim, um dos polos culturais mais profícuos da música erudita na Europa. “Para nós, é uma grande honra receber um artista feito o Samir e, principalmente, porque ele virá para ficar conosco durante todo o tempo. Ele é um dos compositores mais interessantes da música erudita contemporânea e trará uma obra inédita, que será especialmente tocada aqui”, comemora Vagrova.
Além dele, o Artes Vertente terá a instalação do artista visual esloveno Matej Andraz Vogrincic, apresentação literária da poeta portuguesa Matilde Campilho e do poeta brasileiro Ricardo Domeneck. Também compõem o festival as exposições “Quando Antes For Depois”, do capixaba Hilal Sami Hilal, “Autorretratos”, do fotógrafo húngaro Balázs Böröcz, e “Pássaro Sagrado”, do fotógrafo finlandês Janne Lehtinen. Obras de Sérgio Rodrigo, Brahms e Schumann serão apresentadas na igreja do Rosário.
Um dos destaques nacionais da programação é o grupo XIX de Teatro (SP), que apresenta, hoje, às 16h, no sobrado Aimorés, o belíssimo espetáculo “Hysteria”, que foi o cartão de visita dos paulistanos. Depois o grupo se consolidaria como um dos principais da cena teatral do país, com sede própria na Vila Operária Maria Zélia, em São Paulo.
“Hysteria” acompanha várias pacientes de um manicômio, no século XIX, que contam suas histórias para os presentes. Uma das forças do espetáculo é separar o público feminino do masculino e transformar a narrativa em algo mais próximo para as mulheres, que assistem a peça “de dentro” da cena, como se fossem também internas. Aos homens é destinada uma arquibancada mais afastada da ação.
A relação com o público e com a cidade é uma das preocupações dos diretores do festival. O Artes Vertentes busca estreitar seus laços com as escolas públicas da cidade e fazer uma ação a longo prazo. “Percebemos que é um trabalho formativo, que não pode ser feito apenas no período em que o festival acontece. Dessa forma, vários artistas oferecem oficinas para os alunos das escolas ao longo do ano”, comenta Vagrova.Legado.
Toda a programação do festival Artes Vertentes pode ser vista em: www.artesvertentes.com