A devoção ao sexo feminino é um elemento recorrente nas crônicas de Xico Sá. Como recorda ele, esse é um tema que acompanha toda a sua trajetória de publicação de textos online, o que faz desde o início da internet. Ao revisitar seus escritos, Xico teve a ideia de elaborar uma lista das beldades que mais despertaram sua atenção em diferentes fases da vida, a partir de dois critérios: o tesão e a admiração.
Desse exercício, nasce “O Livro das Mulheres Extraordinárias”, que o cronista lança nesta terça em BH, durante o evento Sempre Um Papo, a ser realizado no auditório do Hospital Mater Dei. Para Xico, essa não é uma obra definitiva, já que dos 320 nomes de uma lista, ainda inacabada, foram pinçados apenas 127.
“Há a ideia, inclusive, de se publicar um segundo volume no próximo ano e, de forma alguma, as mulheres que apresentarei nele estão em uma categoria diferente daquelas que reuni agora”, diz o escritor, que teve dificuldades para fazer essa seleção.
Se o projeto inicial pretendia acolher o perfil de 50 personalidades, aos poucos, lembra ele, isso foi sendo deixado para trás, a cada nova crônica que enviava ao editor. “Eu ligava a TV, via uma atriz e pensava: essa não pode ficar de fora. Ou quando ia numa festa, como a do Festival de Cinema do Rio, acontecia a mesma coisa. Por exemplo, lá eu vi a Sophie Charlotte, que dança de maneira incrível, e achei que ela também merecia estar no livro. Às vezes, numa conversa com amigos, me surgia outra pessoa e a coisa foi só crescendo, porque a gente esbarra nessa fartura da beleza da mulher brasileira que deixa qualquer um maluco”, afirma o também jornalista.
O panorama construído por ele percorre diferentes épocas e padrões estéticos e se inicia com algumas das musas que despontaram na década de 1970. “Eu comecei essa espécie de mapa recordando aquelas que conheci desde a minha juventude. Então, eu cito figuras como Nicoli Puzzi – a rainha da pornochanchada –, Dina Sfat, Sônia Braga, Vera Fischer, Luiza Brunet, Lucélia Santos, até as mais novas cantoras daqui, por exemplo, a Céu”, pontua.
Boa parte destas, frisa Xico, foram abordadas por ele em textos anteriores e retornam sublinhadas pela singularidade que representam. “Há sempre algo que me marca e tem a ver com aqueles dois critérios. Algumas conseguem unir tesão e admiração. Portanto, o resultado disso é o mais diverso possível”, observa.
Polêmica. Xico Sá, que recentemente deixou de trabalhar no jornal “Folha de S.Paulo”, em razão do veto a publicação, em sua coluna, de uma crônica na qual expunha o voto à candidata Dilma Rousseff, diz ter recebido convites para manter o trabalho em outros diários. Ele não pretende retornar ao oficio até o início do próximo ano. “Eu quero aproveitar este momento para refletir rum pouco sobre a minha escrita e quero reler todos os autores que admiro, como Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Nelson Rodrigues, Machado de Assis, para voltar melhor aos leitores”, revela.
Sobre o caso, ele diz que ainda paira um certa incompreensão. “Eu jamais faria uma coluna do tipo ‘vou votar na Dilma porque ela é genial e ponto. Isso só coube diante da tese que defendi na crônica. Nela, eu chamei atenção que os jornais daqui deveriam fazer como os norte-americanos, que deixam claro para o leitor o apoio a um determinado candidato. Os colunistas que fazem verdadeiros panfletos raivosos defendendo uma só candidatura também deveriam assumir a sua escolha. Nesse contexto, eu achei que era coerente eu assumir o meu voto”, explica.
Agenda
O quê. Sempre Um Papo com Xico Sá
Quando. Nesta terça, às 19h30
Onde. Auditório do Hospital Mater Dei (rua Gonçalves Dias, 2700, Barro Preto)
Qanto. Entrada franca