“Há pelo menos dez anos, não era tão comum ter a Eliane Coelho cantando no Brasil. Sorte a nossa que ela está disponível agora”, brinca o regente Fábio Mechetti. É que após se consolidar há 30 anos na Europa, como cantora residente da Ópera Estatal de Viena, e ter percorrido os principais teatros do mundo, a maior soprano do Brasil tem tido mais tempo para sua terra natal. Aos 62 anos, ela estará em Belo Horizonte, hoje e amanhã, para sua estreia na Sala Minas Gerais, ao lado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. No programa, a solista se divide entre peças de Ravel e Strauss, além de prestigiar a estreia mundial da peça “Grande Trio Concertante”, do mineiro Cláudio de Freitas.
As visitas da carioca Eliane Coelho se tornaram tão mais frequentes que, nos últimos cinco anos, ela esteve pelo menos uma vez por ano no Brasil, marcando presença desde apresentações no Festival Amazonas de Ópera, em 2011, até espetáculos em sua segunda casa, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde esteve em janeiro, para interpretações de Tchaikovsky, Rachmaninoff e Strauss, na Sala Cecília Meireles.
Na capital mineira, esta será a terceira visita da soprano – as anteriores foram em 2008 e 2013, quando ela levou ao Palácio das Artes uma leitura de “A Valquíria”, do compositor alemão Richard Wagner.
Desta vez, o público poderá ver a soprano debruçada sobre dois repertórios antagônicos, escolhidos justamente para explorar sua diversidade vocal. Primeiro, ela viverá a dramática “Salomé”, de Richard Strauss, que desde 1991 tem a marca de sua interpretação na Ópera de Viena. Na sequência, a artista se equilibra na delicadeza para entrar na pele de “Sheherazade”, clássica peça de Joseph-Maurice Ravel.
“Por ela ter feito uma carreira reconhecida na Alemanha e na Áustria, principalmente, Eliane é especialista em compositores como Strauss, Wagner e Ravel. Desta vez, unimos a força e até a violência de Salomé com a imagem etérea e delicada de Sheherazade. É algo provocativo mesmo, em um tom que vai fazer o público conhecer suas distintas facetas como soprano”, avalia o regente Fábio Mechetti.
Para completar a primeira parte do programa, a Orquestra Filarmônica ainda fará uma leitura própria da ópera “As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel”, também de Strauss. “Essa peça é mais uma reverência à Eliane, que tem um domínio e uma preferência particular por Strauss – tanto que ficou marcada pela Salomé, sucesso em Viena. Vamos fazer para homenageá-la porque sambemos que essa é uma das peças que ela não interpretou na carreira, mas admira bastante”.
ESTREIA. Dando continuidade à série de peças inéditas que a Orquestra Filarmônica encomendou para celebrar a inauguração da sua nova casa, a Sala Minas Gerais, os músicos também farão a estreia mundial da composição “Grande Trio Concertante”, do mineiro Cláudio de Freitas. “Ele é um dos nomes que nos identificamos no cenário de composição erudita hoje. Um compositor de Belo Horizonte, que teve outras peças apresentadas pela Filarmônica. É uma aposta nossa”, avalia Mechetti.
As próximas criações inéditas da Orquestra Filarmônica para a Sala Minas Gerais serão “Minas”, de Oiliam Lanna, com apresentações marcadas para 17 e 18 de setembro, e uma obra ainda sem título de André Mehmari, prevista para estrear nos dias 10 e 11 de dezembro.
Agenda
O QUE. Eliane Coelho interpreta Joseph Ravel e Richard Strass com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que estreia a peça sinfônica “Grande Trio Concertante”, do mineiro Cláudio de Freitas
ONDE. Sala Minas Gerais (rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto)
QUANDO. Hoje e amanhã, a partir das 20h30
QUANTO. Os ingressos custam R$ 30 (Balcão Palco e Coro), R$ 40 (Mezanino), R$ 50 (Balcão Lateral), R$ 70 (Plateia Central) e R$ 90 (Balcão Principal)
Histórico
Carreira. Entre as décadas de 1980 e 1990, Eliane Coelho foi contratada pela Ópera de Frankfurt e, em seguida, pela Ópera de Viena, na qual é a principal estrela desde 1991. Ao longo da carreira, tem cantado papéis em óperas como “Tosca”, regida pelo maestro Zubin Metha; “Jerusalém”, com José Carreras e Samuel Ramey; e ainda “La Bohème”, em Tóquio, e “Arabella”, em Tel-Aviv.