Quando recebeu o convite para apresentar a série “Bem Sertanejo” no programa “Fantástico”, da Rede Globo, ainda em 2014, Michel Teló já sonhava com voos mais altos. O objetivo se realizou com o musical “Bem Sertanejo”, e o resultado poderá ser conferido pelo público de Belo Horizonte neste final de semana, com uma sessão no sábado (27), às 22h, duas no domingo (28), às 16h e 20h, e ainda uma extra na segunda (29), às 20h30, no Minascentro. “O convite veio da Musickeria e da Aventura Entretenimento. Eu fiquei feliz com o convite porque esse projeto era um sonho antigo que eu tinha”, reitera o cantor paranaense.
A aposta feita pelas duas agências de entretenimento tem dado certo, já que o espetáculo é sucesso de público por onde passou. Antes de chegar a Belo Horizonte, o musical, que conta com texto, roteiro musical e a direção geral de Gustavo Gasparani, além da direção musical de Marcelo Alonso Neves, que compartilha os arranjos com Mauricio Detoni, esteve em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e outras capitais. E não pretende parar por aí. Teló, que protagoniza o espetáculo, revela sua extensão para outras plagas. “Assim que acabarmos as apresentações, eu lanço o DVD ‘Bem Sertanejo’, que gravamos em março deste ano, em Curitiba, e, então, começamos a turnê nova por todo o Brasil”, promete.
Dramaturgia. Embora focado na música e para ela, “Bem Sertanejo” procura estabelecer uma dramaturgia através de dois atos distintos, que se interligam justamente pelo elo com que a música sertaneja se comunica. Ou seja, a sensação de pertencimento a um lugar e uma relação com o tempo específica, por isso palavras como “saudade” e “memória” estão presentes.
O primeiro ato capta a trajetória de um grupo de atores e tropeiros que desbravam o sertão. Ambientado no final do século XVII, quando os princípios da música caipira teriam aparecido, entremeia as canções com causos, lendas, piadas e poemas de Manoel de Barros, Cora Coralina e Guimarães Rosa, que revelam também a ligação do gênero com a natureza.
Já o segundo ato abarca a história de figuras conhecidas dentro do universo sertanejo, e que foram responsáveis pela propagação da música para além de seu território de criação, casos de Angelino de Oliveira, Raul Torres, João Pacífico, Tião Carreiro e a dupla Tonico & Tinoco. “A história da música sertaneja é a história do Brasil, da saída do homem do campo para a cidade, dos tropeiros, da evolução da música de um modo geral. Fico feliz de estar participando de um musical dessa importância. Quando veio o convite, eu quis ter certeza que o musical teria essa mesma ‘vibe’ e que ficasse autêntico. Eu cresci ouvindo música sertaneja. Faz parte da minha história como músico”, ressalta Teló.
Estreia. Habituado a se apresentar para grandes plateias, o cantor tem vivido uma experiência nova. É a primeira vez que ele pisa num palco para interpretar não uma canção, mas um personagem. “Atuar tem sido um desafio para mim. Não só por ter que decorar as falas, mas também por ter que prestar atenção nas marcações, no ‘timing’ de cada ator, coreografia, sotaque. Tudo isso tem que parecer natural e fluido. É muito complexo”, admite, antes de estabelecer um comparativo entre as funções de cantor e ator. “Nos meus shows, a gente até tem um roteiro, mas eu posso improvisar, trocar uma música de lugar, tocar um instrumento diferente. Em um espetáculo desse tamanho, tudo tem que ser seguido à risca”, observa.
Na produção, Teló é acompanhado no palco por um time de dez atores e oito músicos. Assim como os demais intérpretes, além de cantar e atuar ele também ataca de instrumentista ao tocar sua sanfona. Apesar do êxito de público, Teló renega, por enquanto, a continuidade do seu recente ofício. “Acho que não faria novela, nem filme, nem pretendo me aventurar como ator. Meu lance é a música”, ratifica. A cenografia do musical (de Gringo Cardia) traz uma reprodução do quadro “Operários”, de Tarsila do Amaral, e passeia pelo repertório de Chiquinha Gonzaga a Jararaca & Ratinho.
Serviço. Michel Teló, no musical “Bem Sertanejo”. Amanhã, às 22h; domingo, às 16h e 20h, e segunda, às 20h30, no Minascentro (av. Augusto de Lima, 785, centro, 3217-7900). De R$ 50 a R$ 150.