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Começa nesta sexta a mostra 'Move Concreto! Vídeo dança pela cidade'

Até 4 de outubro, sempre às quintas e sábados, às 18h, os trabalhos serão exibidos e haverá bate-papo com os artistas neles envolvidos

Por Patricia Cassese
Publicado em 18 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
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Como tantos outros idealizados para acontecer no curso desde 2020, a mostra “Move Concreto! Vídeo dança pela cidade” teria a sua segunda edição realizada de modo presencial, dentro da diretriz que a iniciativa propõe desde o seu embrião, ou seja, circular por centros culturais de diversas regiões da capital mineira. Mas, enfim, veio a pandemia, e não deu. A partir desta sexta-feira, e até o dia 4 de outubro, porém, a empreitada  do Grupo Contemporâneo de Dança Livre acontece de modo virtual, com um programação que abarca a exibição de dez videodanças selecionadas a partir de um edital, publicado em março, além de dois trabalhos internacionais convidados. A grade contempla, ainda, bate-papos com artistas e idealizadores dos projetos - neste caso, as conversas serão exibidas ao vivo pelo canal do YouTube do Grupo Contemporâneo de Dança Livre, realizador da mostra, com acesso em libras. Um detalhe importante: toda a programação é gratuita.
 
"A pandemia chegou no susto, e, de uma hora para outra, foi necessário se fechar em casa, parar. Aliás, por conta disso, a gente até estendeu o prazo de inscrição, já que era um momento no qual todo mundo estava ainda se adaptanto à quaretena. E quanto a nós, do grupo, fomos analisando a situação e decidimos que teríamos que reformular a ideia", conta a produtora Duna Dias,  idealizadora da mostra, que tem curadoria da artista e professora Anamaria Fernandes, bem como assistência curatorial de Leonardo Augusto. 
 
Mesmo com o revés da Covid-19, Duna conta que a produção ficou bem surpresa com o asssentimento ao chamado. "Recebemos quase 50 trabalhos (candidatos), o que é um número bem significativo, considerando que o nosso recorte era bem específico", pontua ela, lembrando que os candidatos deveriam ser residentes em Belo Horizonte ou demais cidades da região metropolitana. Mas não foi só o número de inscritos que impressionou. "É, de certa forma, um campo novo da dança em BH, e a gente ficou com uma certa dúvida do que receberia. Mas foram trabalhos de tanta qualidade e tão diversos, que foi difícil selecionar", festeja ela. Duna conta que foram inscritas propostas de Santa Luzia, Vespasiano ou Ouro Preto, entre outras. 
 
Cumpre dizer que, embora seja a segunda edição da "Move Concreto", a atual difere-se da de estreia pelo subtítulo, que dá o norte do que vai ser agregado em termos de programação. "Esta é dedicada à videodança, a primeira (edição, em 2017) tinha foco na dança nos espaços públicos, mas não especificamente na video dança, embora tivesse um recorte com essa proposta", lembra Duna. 
 
Realizada em Contagem , a edição début incumbiu-se de levar boas atrações a espaços públicos. "Criamos um telão móvel para ficar mais fácil nos deslocarmos de uma praça a outra", rememora Duna, acrescentando que os locais eram escolhidos muito pelo potencial de agregar voluntariamente pessoas das cercanias. "A gente já tem uma investigação artistítica de espaços públicos, é um tema que nos interessa muito. Daí, a gente tenta promover um diálogo com produções de outros artistas, na qual a dança seja descentralizada, que possa chegar para além de um teatro convencional no centro da cidade, ao qual poucos vão ter acesso mesmo que a atração apresentada lá seja gratuita - pois quem mora longe tem toda a questão do custo do transporte envolvida. A gente, do Contemporâneo, quer sair do espaço teatro e estar mais próximo a onde essas pessoas de fato moram".
 
Se a primeira edição contou com trabalhos do México, Holanda, Colômbia e Estados Unidos, esta terá, entre seus destaques, um espetáculo multinacional: "2mil20" será apresentado hoje, além de no sábado e no domingo. "É uma coprodução do nosso grupo com artistas do Panamá (Cine Animal), da Costa Rica (Daisy Servigna) e da França (Compagnie Wa·táa)", especifica Duna "E é interessante porque não foi inicialmente pensado como video dança. Mas na semana que a gente ia viajar para o Panamá (para os acertos finais), o aeroporto de lá foi fechado". 
 
Por conta disso, todo um trabalho de reestruturação foi colocado em prátrica. "E o espetáculo, que era para ser apresentado presencialmente, se transforma em video dança, com cada um gravando sua participação em seu país, tendo o corpo relacionado com a câmera. Ao fim, penso que foi interessante, pois o que a gente propunha ficou mais forte ainda, já que é um trabalho que fala de ciclos, de renovação, de repetição, de desgates que levam a um caos, mas que também acenam com um horizonte: o de que, diante desse esgotamento perante a essa repetição de ciclos, há também uma possibilidade de renovação. Jamais imaginaríamos passar por essa pandemia. À época, pensamos: 'E agora? Como a dramaturgia vai se manter? Mas sim, ela se manteve. E mesmo que a gente não trate da pandemia dramaturgicamente, de certa forma, ela está lá", pondera a produtora.
 
Evidentemente, não caberia à produtora destacar um vídeo pautando-se pelo quesito qualidade, já que todos aqui reunidos passaram por um crivo. Mas, pensando no aspecto de um diferencial, ela cita "Ventana", de Luísa Machala, por ter sido elaborado já na pandemia. "Os demais, todos já existiam, realizados no contexto dos espaços públicos. E a Luísa conseguiu falar de espaço público mesmo estando isolada".
 
Pelo fato de contar com acesso em audiodescrição, ela cita "Choro", também produção do Grupo Contemporâneo de Dança Livre. "Fizemos em 2017, na Colômbia, mas, nesta edição, ele conta com audiodescrição para as pessoas cegas. Acho isso muito importante, pois nem sempre os vídeos têm (esse recurso), e acho que é um primeiro passo, que a mostra tenha ao menos um. E as conversas, todas vão ter tradução".
 
A mostra, vale dizer, acontece sempre às quintas e sábados, às 18h. Cinco encontros virtuais vão discutir os processos de criação das obras e suas relações entre corpo, vídeo e espaço público. As conversas serão exibidas ao vivo pelo canal do youtube do Grupo (https://bit.ly/3m0YooO), com acesso em libras. Toda a programação é gratuita.
 
As dez video danças ficarão disponíveis no site moveconcreto.com durante toda a mostra. Já "2mil20", somente nos dias 18, 19 e 20.
 
Confira, a seguir o cronograma das conversas com artistas
19/9 – Sábado- 18h: Corpografias em Dança: Relatos de uma cidade Experimentada – Gilberto de Lima Goulart e marÉ – Coletivo Provisórias (Aline Vilela, Francine Leite e Isa Mariah).
24/9 – Quinta- 18h: Con Tato - Samuel Samways e Passinho no Cabana -  Marcus Vieira.
 26/9 – Sábado- 18h: Pai contra mãe: videodança-manifesto - Leandro Belilo e RAIZ – Wallison (Culu). 
1º/10 – Quinta- 18h: Experimento cidades II - Croma em Roma – Cib Maia e Ópio – Léo Garcia. 
3/10 – Sábado- 18h: Primavera en Belo – Cris Diniz e Ventana – Luísa Machala. 
 
Acesso na web
https://bit.ly/3m0YooO - Youtube 

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