Em suas andanças pela Amazônia, o diretor e roteirista Belisario Franca, da produtora Giros, viu muitos lados da região, além de suas belas paisagens. O realizador do documentário “Amazônia Eterna” (2012) – que discute o uso sustentável das riquezas da floresta amazônica – conviveu com muitos moradores e trabalhadores locais, como os pilotos de aviões que sobrevoam a região para transporte, turismo e outras atividades, algumas nem sempre lícitas.
Daí tirou a ideia para uma aventura pelo mundo das séries de ficção, após uma carreira bem consolidada no mercado dos documentários, marca registrada da Giros. Ao bater à porta da Universal TV, encontrou uma casa para “Jungle Pilot”, minissérie de ação em cinco episódios que estreia domingo (15), no canal pago, às 23h.
“Quando realizei o ‘Amazônia Eterna”, fiz muitos voos sobre a floresta e entrei nesse ambiente dos pilotos de aviões, que é muito fascinante, com os negócios legais e ilegais que circulam pela região”, conta Franca.
O lançamento agora, ainda no calor de toda a controvérsia sobre a Amazônia, assolada pelas queimadas, foi coincidência. “A Amazônia se tornou uma espécie de logomarca internacional. Todos olham para ela”, diz o realizador. “Quando apresentei o projeto à Universal, os executivos ficaram fascinados porque é um thriller; é aventura; é Amazônia”, defende. Sem dúvidas, essa será uma vantagem no processo de internacionalização da série.
Outro chamariz da atração neste momento é a presença de Julia Stockler no elenco. Ela está no filme “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Ainöuz, indicado do Brasil para tentar uma vaga no Oscar. O protagonista de “Jungle Pilot” é Démick Lopes (“Onde Nascem os Fortes”), e o elenco conta ainda com Clarissa Pinheiro (“Aquarius”). Franca divide a direção com Marcia Faria e assina a série como criador e diretor geral.
Enredo
A série começa em 1992, em Serra Pelada, região de exploração de minério – especialmente ouro –, que era a esperança de riqueza para muitas pessoas. Júlio (Lopes) é um desses homens. O tempo passa e, nos dias atuais, ele comanda uma empresa de táxi aéreo, a tal Jungle Pilot, com o irmão Maciel (Álamo Facó).
O episódio de estreia começa na tensão de um voo que precisa ser feito pelo exímio piloto Maciel. Trata-se de alguma operação ilícita e, como estamos falando sobre uma série de ação, claro que as coisas dão errado. Conflito instalado, a trama principal está apresentada. Paralelamente à imersão no mundo do crime, a série não ignora os problemas do Brasil, como a corrupção política, e da região amazônica, como a defesa do uso sustentável da floresta, com os ambientalistas e líderes de movimentos sociais.
“Jungle Pilot” tem um bom ritmo e um primeiro episódio que apresenta bem a trama (veja ao lado). “Em uma minissérie, todas as cenas fazem sentido, e esse é um desafio narrativo interessante para o roteirista, para o produtor e para o ator”, afirma Franca. “Achei fascinante essa experiência, pois todos – técnicos, elenco – compraram o projeto dessa série com essa pretensão e filmada nesse local”, diz Franca. “Gostamos tanto que já pensamos coisas para uma segunda temporada”, adianta o diretor.