Com uma bagagem de mais de 50 anos dedicados à divulgação e ao ensino da música erudita, a pianista Eudóxia de Barros, 74, chega a Belo Horizonte para apresentação única, amanhã, na Fundação de Educação Artística, pelo projeto Manhãs Musicais. O programa do recital de piano solo é uma homenagem a Liszt e inclui seis obras de sua autoria: "Ave Maria", "Terceiro Noturno", "São Francisco de Paula Caminhando Sobre as Ondas", "Estudo nº 6 - La Campanella", "Rapsódia nº 14" e "Rapsódia nº 6". A esse repertório, Eudóxia agrega temas de autores brasileiros, como o "Estudo nº 7", de seu marido, o compositor Osvaldo Lacerda, falecido há pouco menos de três meses.
Conhecida pela defesa ferrenha que faz da música erudita brasileira, a veterana pianista se diz, também, grande apreciadora dos compositores europeus. Ela destaca, ainda, sua intimidade com a obra do homenageado no recital de amanhã. "Sempre me dei muito bem com Liszt. A primeira música dele que toquei, a ´Rapsódia nº 2´, foi quando eu tinha uns 11 anos de idade", recorda, destacando que o "brilhantismo" do pianista e compositor húngaro sempre foi o que mais lhe chamou a atenção. "A música dele penetra fundo na alma, e não é raro dar arrepios em quem a escuta e em quem a está tocando", salienta.
Com uma discografia que registra mais de uma dezena de títulos e um currículo de apresentações que inclui vários países do mundo e praticamente todas as regiões do Brasil, Eudóxia considera que houve, ao longo dos últimos anos, uma diminuição do espaço para os recitais de piano solo - o que, conforme considera, se deve à pouca divulgação da mídia.
"Recital está fora de moda, o que está em voga hoje em dia é conjunto e, sobretudo, óperas. É aquela tendência de valorizar a quantidade de pessoas no palco: aparece muito e o patrocinador se interessa mais. Fiz minha carreira no Brasil, realizando uma média de 50 a 60 recitais por ano. Hoje em dia, por mais que eu tente convencer, ninguém mais sabe o que é um recital de piano. O nível cultural caiu muito e, assim, já não consigo tocar tanto quanto antes, fazendo apenas uns 30 concertos por ano", diz.
Álbuns. A despeito desse cenário e do ano atribulado que teve, em função da doença e morte do marido, ela segue firme em sua jornada, com planos de gravar álbuns e com várias apresentações agendadas - boa parte delas com caráter didático, o que é uma marca registrada de sua trajetória. "Essa história começou em 1977, quando fui fazer uma série de concertos no Teatro do Sesi. A diretora, Mafalda Vicenzzoto, exigia que se falasse sobre cada compositor e obra, para ir formando uma plateia entendida. Para mim, foi um deleite, tanto que faço até hoje", diz.
Eudóxia lamenta que esse trabalho não tenha a devida visibilidade. "Em São Paulo e no Rio de Janeiro é realmente muito complicado a gente ter o trabalho divulgado na mídia. O pessoal só quer saber de estrangeiros que vêm tocar aqui. Vejo, por exemplo, nossos concertos, realizados pelo Centro de Música Brasileira, que assumi após o falecimento do Osvaldo. Fazemos desde 1984, eles têm sido maravilhosos e não sai uma notícia sequer a respeito", critica.
Agenda
O Que. Recital de Eudóxia de Barros em tributo a Liszt
Quando. Amanhã, às 11h
Onde. Fundação de Educação Artística (rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários, 3226 6866)
Quanto. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
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