Rafael Ciccarini
Reitor da Una e do UniBH
O reitor da Una e do UniBH, Rafael Ciccarini, visitou o jornal O TEMPO e a rádio Super 91,7 FM para falar sobre os projetos das duas instituições de ensino superior e os planos de expansão da Ânima Educação, companhia que é dona das empresas nascidas em Minas.
A Una e o UniBH fazem parte da Ânima Educação, presente em sete Estados brasileiros com mais de 118 mil alunos. Como é a posição de Minas Gerais nesse grupo que tem uma capilaridade tão forte no país?
Minas Gerais é muito especial para a Ânima Educação porque foi onde o grupo começou, com a Una. Hoje, temos mais de 55 mil alunos nas nossas diferentes unidades. Na Una temos 20 unidades espalhadas por Minas Gerais e Goiás e no UniBH trabalhamos o campus Buritis (em Belo Horizonte) como referência, e eu tenho a felicidade e alegria de estar à frente desses dois projetos.
Qual é o plano de expansão da Una e do UniBH?
Pensamos a expansão com a marca Una, de estar perto de onde o aluno precisa. O perfil do aluno da Una é aquele que trabalha durante o dia, que paga sua mensalidade e que precisa ver na educação um lugar de transformação rápida da sua vida. Para ele, é muito custoso pagar a mensalidade. Então, são unidades próximas daquele aluno, e tentamos conciliar a qualidade que é inegociável para o projeto acadêmico e para o grupo Ânima. Qualidade com acesso. A Una tenta conciliar essas duas coisas muito difíceis de serem conciliadas num mercado de educação privada tão voraz. O UniBH, nesse sentido, tenta dar lugar a um perfil de aluno que quer uma experiência de campus horizontal, que tem serviços, integrado à cidade. Nosso projeto do campus Buritis do UniBH é se tornar cada vez mais integrado à cidade de Belo Horizonte. Estamos atrelando o projeto a eventos culturais e artísticos na formação dos alunos e nos preocupado com a empregabilidade deles.
Em volume de unidades, vocês pensam em expandir as duas instituições (Una e UniBH) no Estado ou fora de Minas Gerais?
A Una já tem três unidades em Goiás – Itumbiara, Catalão e Jataí –, então vamos, certamente, expandir mais, não somente em Goiás, mas em outras cidades num curto prazo.
Qual é o plano plurianual?
Olhamos para todo o Brasil. Não só a Una, como o grupo Ânima como um todo está num momento de crescimento, de transformação diante dos desafios. O mercado de educação e a questão da educação, e sempre falamos isso no Brasil, talvez agora a gente viva o momento mais crítico, em que a gente precisa de alguma maneira levar a sério esse tema como única saída para encarar dilemas concretos. Estou me referindo a problemas de produtividade, históricos, atávicos, e precisamos enfrentá-los. Então, a Ânima entende que pode, de alguma maneira, pautar essa questão. E para que isso aconteça, precisamos estar em todo o país. Queremos cobrir o país todo.
Esse crescimento é por novas unidades, construção de novos prédios, aumento de cursos nas unidades já existentes e até mesmo para competir com o ensino a distância?
As duas coisas. A nossa aposta é a seguinte: a vida da gente já é híbrida. A tecnologia já faz parte da nossa vida de uma maneira que a gente não consegue mais dissociar. No caso do WhatsApp, se pensar nossa vida sem ele, torna-se impensável. A gente brinca que agilizou muito o mundo dos negócios, mas o nosso PIB continua do mesmo jeito. Nossa expansão vai se dar por meio de novas unidades, por meio de portfólios, mas, sobretudo, numa aposta do ensino híbrido. Quem vai escolher se o modelo é presencial ou a distância é o próprio aluno.
Você pode falar em números, volume de investimento?
A Ânima captou mais de R$ 1 bilhão na Bolsa de Valores, então estamos olhando com muita atenção para o mercado. É claro que, nesse tipo de negócio, a Ânima Educação precisa de um cuidado muito grande. O viés é de expansão. Mas saindo da briga de preço, da precarização do ensino, porque, infelizmente, o Brasil seja o único país, talvez no mundo, em que o EaD serviu para precarizar o ensino.
Vocês fizeram uma parceria com a Fiemg para ter uma aproximação do mundo acadêmico com o mercado?
Fizemos uma parceria com a Fiemg, estivemos lá, e eles falaram exatamente isso – da dificuldade de encontrar profissionais e muita vaga, seja em qualquer área. Há uma crise de profissionais em tecnologia. Os funcionários estão sendo disputados. A parceria com a Fiemg – e faremos outras –, visa atacar isso na raiz. Nosso modelo acadêmico prevê o que a gente chama de “unidade curricular dual”, ou seja, parte da carga horária é na sala e parte é no próprio universo do trabalho. Estamos superando o conceito de estágio separado para cumprir a carga horária. Está dentro do currículo. A parceria (com a Fiemg) é uma das formas práticas de tentar atacar essa questão, que é muito complexa.
A Una é a única instituição de ensino superior do Brasil a figurar desde 2011 no ranking das cem melhores empresas para trabalhar, o Great Place do Work. São quantos professores e como conseguiram ficar tanto tempo nesse ranking num país com tanto problema na educação?
Na Una e no UniBH, os dois são muito bem colocados nesse ranking entre os cem melhores, inclusive com destaques para a mulher. Estamos entre as dez melhores empresas para a mulher trabalhar. Temos vários destaques nessa área. Temos mais de mil professores entre Una e UniBH. A gente gosta de pensar que há um desejo, um calor, que um dos fundadores, Daniel Castanho – que hoje é presidente do conselho da Ânima Educação –, gosta de falar, que há uma paixão, uma coisa diferente. E a gente transforma isso em ações práticas, em engajamento, em pertencimento, e esses rankings são consequência.
E o destaque no LGBTQI+?
Venho de uma unidade da Una, na praça da Liberdade, onde se criou um projeto chamado ‘Una-se contra a LGBTQI Fobia’. E começou um movimento espontâneo dos professores, dos alunos, de repente a pauta vai se tornando cotidiana, as palestras vão se multiplicando, professores buscando informação. Na verdade, o preconceito tem razões históricas no Brasil, foi o último país do mundo a abolir a escravidão. A gente sofre com os efeitos disso até hoje. É muito fruto de ignorância. Quanto mais a gente fala sobre isso e quanto mais torna isso orgânico e institucional, as coisas vão acontecendo e os alunos vão fazendo e ganham prêmio.