Cerca de 71% das empresas brasileiras adotam práticas ambientais, sociais e de governança - chamadas de ESG. O dado, que faz parte do estudo "Panorama ESG 2024", divulgado nessa segunda-feira (22/4) pela Amcham Brasil - Câmara de Comércio da América - indica um crescimento de 24 pontos percentuais em relação ao levantamento de 2023. O movimento foi liderado pelo setor industrial.
Segundo a pesquisa, que ouviu 687 líderes empresariais brasileiros - a maioria de companhias de médio e grande porte-, a adoção dessas ações é motivada pelo desejo de impactar positivamente questões ambientais e sociais (78%) e fortalecer a reputação corporativa (77%). Ao todo, 71% das organizações participantes indicaram estar no estágio - inicial (45%) ou avançado (26%) - de implementação de práticas ESG.69%
"Essa evolução revela que as empresas brasileiras estão cada vez mais convencidas da importância da agenda de sustentabilidade e engajadas em trilhar esse caminho. Por outro lado, também indica que ainda há muito por fazer. Afinal, uma parcela expressiva é de ‘adotantes iniciais’ de práticas ESG ou ainda estão planejando como aplicar essas medidas", enfatiza o CEO da Amcham, Abrão Neto.
No entanto, muitas organizações relataram enfrentar desafios notáveis: 40% reportam dificuldades na mensuração de indicadores ESG; a construção de uma cultura organizacional sólida é um obstáculo para 32% e a falta de recursos financeiros e de uma metodologia eficiente de implementação é citada por 30% dos entrevistados.
Os respondentes ressaltaram três aspectos para acelerar a implementação da agenda sustentável: a capacitação e desenvolvimento de lideranças e colaboradores (56%); a importância de integrar a sustentabilidade na estratégia de negócios da empresa (48%); e a previsão de orçamentos específicos e recursos financeiros adequados para viabilizar as iniciativas ESG (47%).
Apoio do governo
A pesquisa, realizada entre os dias 12 e 26 de março deste ano, também mostrou que 77% das empresas consideram crucial o apoio governamental para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e 66% destacam a importância de incentivos à transição para energias renováveis, como eólica, solar e hidrogênio limpo.
As organizações ainda enfatizam a necessidade de políticas públicas para acesso a financiamento sustentável, para incentivar a economia circular, a preservação florestal e a regulação do mercado de carbono. Na avaliação dos entrevistados, o governo deve priorizar políticas de incentivos para pesquisa e desenvolvimento sustentável (77%) e políticas para energias limpas, como eólica, solar e hidrogênio limpo (66%).