Quente, gelado ou em drinks sofisticados. A cultura de degustar diferentes tipos chás e infusões tem caído no paladar do belo-horizontino. Além disso, a bebida tem se mostrado versátil em harmonização com sobremesas, entradas e até pratos principais
Originalmente, chá mesmo é o nome dado somente ao preparo feito com a espécie de planta Camellia Sinensi, que pode ser crua, torrada ou fermentada e dá origem às versões dos chás branco, oolong, verde e preto. Os populares sabores de hortelã, frutas vermelhas, camomila, dentre outros, na verdade, são infusões. Mas no Brasil essa diferenciação entre os dois tipos se confunde, e não é errado chamar aquela delícia gelada de maçã, ou quente, de erva cidreira, de chá.
Na capital mineira, a novidade é a diversificação do uso da bebida. Cursos de sommelier de chás e encontros para troca de informações sobre os tipos de harmonizações que podem ser feitos com eles estão em alta. Juliana Vitoriano abriu a Dá-lhe Chá e começou a repassar seu conhecimento em workshops e encontros em Belo Horizonte destinados ao estudo dos diferentes tipos da bebida.
“Para o mineiro, é muito difícil sentar para tomar apenas o chá. É preciso ter algo para complementar. Comidinhas inclusive. Carnes vermelhas, por exemplo, harmonizam muito bem com os chás pretos, mais encorpados. O famoso chá verde é ótimo para acompanhar queijos leves, como o brie e o camembert”, exemplifica.
Juliana ainda conta que a variedade Souchong do Ceilão, do Sri-Lanka, é muito utilizada no lugar de tradicionais especiarias para preparar pratos. “Ele substitui temperos em carnes. No filé mignon suíno, na tradicional marinada seca, ele deixa o sabor defumado, além de ser ótimo para quem tem pressão alta, por exemplo, que não pode com muito sal”, explica.
Versatilidade
Associando a sabores de drinks tradicionais, como piña colada (tradicionalmente feito com abacaxi e rum), ou investindo em tipos exóticos, como o de rooitea ou red bush (preparado com as folhas de um arbusto da África do Sul e conhecido como o chá da longevidade, no Japão), a bebida tem estado com tudo. Com uma casa de chás recém-aberta no Pátio Savassi, a Tea Shop, Láisa Queiroz deixou a carreira de piloto de navio para apostar nesse universo sensorial. “Sempre gostei de chás e resolvi, junto a um amigo, investir nessa proposta. A loja conta com mais de cem opções de diferentes sabores. Temos até sabor de piña colada”,diz.
Sentar para tomar o “chá das cinco”, tradicional ritual inglês, também é tradição no Floresta, na região Leste de Belo Horizonte. No Santo Chá, esse é o horário em que a casa fica mais lotada. Um dos queridos do público é o Red Carpet, de hibisco com frutas vermelhas e rosas, servido bem gelado.
“As infusões com frutas vermelhas são ótimas para quem quer começar a apreciar a bebida. Os chás pretos, tradicionalmente ingleses, têm sabor mais forte e são mais marcantes no paladar”, sugere Andrea Oliveira, proprietária do estabelecimento. Para acompanhar, ela sugere pãezinhos ingleses, chamados scones, que podem ser servidos com geleia, cream cheese ou manteiga.
Já no Chá Comigo, no Santo Antônio, na região Centro Sul, o horário mais badalado é o das 19h, quando as pessoas saem do serviço e querem ter a oportunidade de degustar um drink relaxante. Além disso, o horário noturno serve de ponto de encontro para grupos de amigos, que acabam aproveitando a prosa com uma boa xícara de chá ao lado.
“Quando as pessoas perguntam para gente qual chá você me indica a tomar, a gente devolve a pergunta, qual paladar te agrada mais. Tem gente que gosta de sabor mais cítrico, outros mais frutados e tem o público do ‘tradicional’. As infusões mais frutadas e mais docinhas têm melhor saída”, diz Laila Moreira, proprietária do local.
Mas quem experimenta um bom chá logo de primeira, acaba voltando, garante Laila. Dos mais de 30 sabores que o estabelecimento possui, tem freguês que já provou todos e vive sempre querendo aquele algo a mais. “Toda vez que a gente faz a importação, procura trazer sabores novos para experimentar, conhecer e agradar justamente esse público que já viu de tudo que a casa tem e está sempre em busca de novidades”, finaliza.
Cursos em BH
Sommelier de chás Módulo 1. Dias 17 (sábado) e 18 (domingo), das 9h às 18h. Inscrições: contato@institutocha.com.
Primeira Confraria de Chás Gourmet do Brasil Com o tema Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC’s). Dia 21 (quarta), das 20h às 22h, no Espaço Gourmet, no Belvedere. R$ 80. Mais informações no Instagram @dalhecha.
Workshop Redescobrindo o mundo dos chás. Dia 14 de abril (sábado, das 10h às 13h), no Empório Grão, na Savassi. Detalhes no Instagram @dalhecha.
Drinks para quem curte ou não álcool
Os baladeiros de plantão, que buscam uma bebida refrescante e um pouco menos calórica, também podem encontrar nos drinks com chás uma saborosa opção. No Gilboa, na região Centro Sul da capital, os bartenders Luan Ricardo e Thiago Martins criaram uma bebida em outubro do ano passado para quem gosta da noite. “Apenas as pessoas que já consomem chá aceitam a sugestão dos bartenders. Mineiro é desconfiado por natureza”, frisa Luan Ricardo. “Para quem gosta de chá, é inovador, até para o hábito de beber e procurar novas experiências”, completa Martins.
No Chá Comigo, a bebida preferida tem espumante e frutas vermelhas. “Há um grupo de pessoas que chega aqui só para tomar o borbulhas de amora, uma infusão concentrada de chá de amareto, que é um chá com muitas frutas vermelhas, com espumante brut, que dá uma quebrada”, diz Laila Moreira.
Não é a mamãe
FOTO: Frances Salvador/Divulgação |
Drink é servido numa mamadeira, acompanhada de um canudinho |
Drink do Gilboa, criado por Luan Ricardo e Thiago Martins
Ingredientes
- 50 ml de vodca
- 50 ml de chá mate
- 10 ml de limão
- 10 ml de xarope de lichia
- 50 ml de suco de abacaxi
Modo de fazer
Misture tudo e sirva com gelo, no verão. No inverno, é recomendado pelos barmans que se beba em temperatura ambiente.