O paladar é, dos cinco sentidos, o primeiro a ser relacionado ao sabor, uma vez que é em nossa língua que se encontram as papilas gustativas. Antes de chegar à boca, porém, um alimento pode provocar reações sensoriais em todo o corpo, principalmente no olfato – já percebeu que, quando estamos com o nariz congestionado, a comida praticamente perde o gosto? O tato e a audição também fazem parte do processo (como ouvir o estalar do lacre de uma lata e checar sua temperatura), mas, no fim das contas, a visão é o sentido que tem maior peso na escolha de um prato. E, se ele for vermelho, as chances de ser o escolhido aumentam ainda mais.
Os motivos, de acordo com a psicologia das cores, são variados: o vermelho é uma cor energética, que estimula a fome e representa emoções fortes, como a paixão. A coloração também provoca aumento dos batimentos cardíacos e aceleração do pulso. E, para quem duvida das teorias, os chefs comprovam. Basta que o primeiro cliente peça um drink avermelhado que rapidamente a bebida se torna a mais pedida da noite.
Se não fosse pela viva coloração, talvez o Negroni, drink feito com Campari, vermute e gim, ficasse esquecido no cardápio do Nimbos Bar. Apesar de o coquetel ter sido desenvolvido no século XVIII, Luiz Moreira, chef proprietário do bar, acredita que o coquetel, apesar de popular, ainda não é de conhecimento de muitas pessoas. “Mas quando elas veem aquele drink vermelho chamando a atenção, ficam curiosas para experimentar. Basta sair o primeiro”, conta.
A história se repete no Empório Toscanini, com o drink que leva o nome da casa. “As pessoas ficam curiosas tanto pelo vermelho do drink como pelo grenadine, que é um licor de romã”, explica o chef Mário Resende. Apesar de o vermelho do drink se concentrar no fundo da taça, é ele o responsável por empregar o “charme” à bebida. Além do licor, o coquetel também leva espumante e vodca. “É muito leve”, diz.
De comer com os olhos. O bolo red velvet pode até ter textura macia e recheio leve, mas a cor vermelha é, sem dúvida, o que faz com que ele seja o mais pedido da De.Ló Bolos. Vendido em diferentes tamanhos (desde o mini, no pote, ao com vários andares), o quitute desperta até o olhar menos atento de quem visita a loja. Feito com corante vermelho – a proprietária Mariana Goulart experimentou fazer a receita com purê de beterraba, mas a coloração ficou amarronzada – e recheio de cream cheese, o bolo foi um dos produtos lançados por Mariana.
“As pessoas só ficam com o pé atrás porque acham que o cream cheese é salgado, mas com o açúcar e com a baunilha, ele fica bem leve. O queijo dá um pouquinho de frescor ao creme”, diz Mariana. Ela conta que criou o bolo, de receita originalmente norte-americana, há cerca de quatro anos e que o modo de preparo não é complexo, “difícil é acertar a receita ideal”, revela.
Na Espetacular Doceria, o vermelho está em pratos como o entremet e a tartelete de frutas vermelhas. “É só colocar a tartelete na vitrine que ela sai rapidamente”, afirma Elisa Dayrel. “A massa é feita com farinha de amêndoas, o que faz com que ela fique bem leve e crocante. Já o creme é feito à base de baunilha, e ela é decorada com frutas vermelhas frescas”, diz, emendando: “Para acompanhar, tome um cafezinho expresso ou um capuccino”.
Saudável. Apesar de ser uma cor energética, o vermelho não está presente apenas em pratos ricos em calorias. Na Horta 31, a coloração quente protagoniza uma salada. Morango, pimenta biquinho, tomate seco e uva colorem o prato que ainda leva alface, frango e queijo branco. “Cada ingrediente dá um sabor diferente ao prato. A pimenta biquinho dá acidez, e o morango, refrescância. Também escolhi o tomate porque combate o câncer e a ação de radicais livres”, conta o proprietário Luiz Gustavo Silveira. No local, ainda existem 50 opções de ingredientes para montar diferentes saladas.
Na Osteria Mattiazzi, o tomate é o responsável pela cor vermelho-vivo da Mezzaluna di Bacallá, massa recheada com bacalhau acompanhada de molho pomodoro. “O próprio nome indica: o tomate é o pomo de ouro da comida italiana”, garante o chef proprietário, José Siebra. “A apresentação do prato é muito importante, porque todas as sensações organolépticas do cliente são aguçadas na hora que o prato vem”, analisa.
Serviço
De.Ló. Rua Outono, 559, Carmo Sion, Belo Horizonte</MC><MC>, (31) 99818-4444
Empório Toscanini. Rua Arturo Toscanini, 61, Santo Antônio, Belo Horizonte
Espetacular Doceria. Rua Bernardo Guimarães, 229, Funcionários, Belo Horizonte, (31) 2535-0790
Horta 31. Rua Antônio de Albuquerque, 684, Funcionários, Belo Horizonte, (31) 99865-7450
Osteria Mattiazzi. Rua Soledade, 28, Santa Efigênia, Belo Horizonte, (31) 3483-3465
Nimbos Bar. Rua Alagoas, 608, Savassi, Belo Horizonte