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O balé da Copa

Ser bailarino do Teatro Bolshoi, mais famosa companhia clássica russa, se compara ao status de um craque disputando a Copa do Mundo

O sonho nasce ainda quando se é criança. Estar entre os melhores. Mostrar ao mundo seu talento e sua arte. Ser reconhecido por isso. Atuar na grande vitrine mundial. Tornar-se um craque. Muitos desejam, mas poucos chegam lá.

 

E não é de futebol que estamos falando. Mas bem que poderia ser. Há muito mais semelhanças entre a trajetória de um bailarino brasileiro que alcança o posto de integrar o corpo de baile de uma das mais importantes companhias da Rússia e um jogador contratado por um dos maiores clubes europeus e que tem a chance de se apresentar em uma Copa do Mundo. E, no Mundial 2018, esses dois universos, aparentemente tão distantes, ficaram mais próximos do que nunca.

 

 

O mundo inteiro pôde ver a cena de um grupo de bailarinas na coxia do teatro, entre uma entrada e outra no palco, acompanhando uma das disputas de pênalti da seleção russa pela tela de um pequeno celular? Orgulho nacional no país-sede da Copa, o balé também se rendeu ao esporte que é a paixão brasileira.  A imagem, que viralizou nas redes sociais, aconteceu nos bastidores do Teatro Bolshoi, uma espécie de “Barcelona da dança”.

 

A reportagem do Super FC propõe, neste especial, um encontro entre a arte do balé e a do futebol, guiados pelos bailarinos brasileiros Bruna Gaglianone e Erick Swolkin, ambos de 27 anos, que há seis integram o corpo de baile do Bolshoi e realizaram o sonho de chegar ao topo da carreira de um artista que se dedica à dança clássica. 

Compare as imagens

Todos empolgados

“Foi muito legal, o clima de todos torcendo nos jogos foi bem emocionante, acompanhamos de todo jeito que podíamos! Inclusive, a foto das bailarinas que tirei foi quase nos pênaltis, e tivemos que olhar no celular o jogo até o último segundo antes de entrar no palco! Entramos ainda sem saber do resultado final, quando eu e umas amigas – entre uma entrada e outra – corremos para o celular e soubemos do resultado, foi uma comemoração imensa; silenciosa porque o espetáculo estava acontecendo”, lembra Bruna, autora das imagens que se espalharam na internet.

 

Se o futebol não tem como missão principal a beleza e a leveza dos passos do balé, muitas vezes seus dribles, jogadas e movimentos estão repletos de plasticidade, como aconteceu no “gol bailarino” de Paulinho contra a Sérvia. “Até brinquei que o gol do Paulinho, que é muito parecido com o Grand Battement (passo de balé que sobe a perna a frente), deveria valer por dois gols”, contra Bruna.

 

Em um exercício de aproximação e de comparação dos movimentos dos jogadores em imagens registradas nesta Copa do Mundo (confira imagens do ensaio fotográfico de Douglas Magno), Cristiano Ronaldo estaria na quinta posição com os pés. Os braços entrelaçados dos jogadores de Senegal e Polônia, um movimento do balé “Rubi”, do espetáculo “Jóias de Balanchine”. No jogo entre Rússia e Arábia Saudita, encontramos um salto Jet é. Em México x Alemanha, o zagueiro Hummels e o atacante Chichiarito poderiam muito bem estar no meio de Sissone Fermé. Ou um Attitude em Brasil e Costa Rica. Modric e Mandzukic, na comemoração da vitória da Croácia na semifinal, formaram um belo dueto. E Neymar, comemorando gol, é a imagem e semelhança de uma bailarina na terceira posição.

 

Para chegar até este ponto de atuar no “Barcelona do Balé”, Erick e Bruna passaram por uma trajetória de dificuldades e obstáculos, semelhante a de milhares de jovens que largam seus lares, famílias e amigos para submeter-se aos testes, peneiras e seletivas em busca do sonho de se tornar um profissional do futebol.

 

Ela nasceu na cidade de Caxias, no Maranhão e, até os 9 anos, era atleta da ginástica artística. E foi a falta de incentivo ao esporte que a motivou migrar para a capital do Estado e dedicar-se ao balé e, incentivada por uma professora, fez a prova de seleção para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, onde, aos 12 anos, foi aprovada em primeiro lugar. Para manter os estudos, os pais faziam milagres financeiros para ajudar a filha adolescente a continuar se dedicando ao balé.

 

Erick, seu companheiro dos palcos e da vida, não precisou lidar com a saudade nem com a distância dos pais, mas teve que superar a barreira do preconceito. Nasceu em São Paulo e mudou-se para Joinville com a família antes de a dança fazer parte dos seus planos. Até o dia em que viu Vladimir Vasiliev, um dos maiores nomes do balé russo, dançando “Spartacus” e decidiu trilhar um caminho que ele sabia não ser fácil. Fez o mesmo caminho de Bruna, formou-se bailarino e hoje, anos depois, os dois vivem juntos o sonho realizado de ser um dos quatro brasileiros contratados pelo Bolshoi. 

Expediente

Diretor Executivo: Heron Guimarães | Superintendente de Jornalismo: Ana Weiss | Secretaria de Redação: Murilo Rocha e Renata Nunnes | Chefe de Reportagem: Flaviane Paixão | Edição Portal O TEMPO: Cândido Henrique | Reportagem: Soraya Belusi, direto de Moscou | Imagens: Douglas Magno | Web-Design: Larissa Ferreira | Desenvolvimento Web: Isabela Ansaloni e Raquel Andrade |
Data de Publicação: 15/07/2018