Eleições 2018
Pimentel contra-ataca e tenta tirar Josué das mãos de Alckmin
Empresário mineiro foi sondado para ser vice na chapa do tucano à Presidência
20/07/18 - 23h50
O PT sentiu o golpe do convite do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) ao empresário mineiro Josué Alencar (PR) para ser o vice na chapa dele e reagiu rapidamente para evitar essa união. O governador Fernando Pimentel (PT) também ofereceu ao filho de José Alencar o posto de vice de sua campanha à reeleição. O empresário é historicamente ligado ao ex-presidente Lula e essa possível aliança com tucanos provocou reação até da direção nacional do PT. Para decidir seu futuro, Alencar deve se reunir na próxima segunda-feira com Pimentel e Alckmin.
O cabo de força entre tucanos e petistas pelo apoio de Josué Alencar surgiu depois de os partidos do centrão decidirem apoiar em bloco a candidatura de Geraldo Alckmin e indicarem o nome do empresário para compor a chapa. O trunfo dos membros do PT para conseguir barrar essa composição está na relação que Lula tem com Alencar. Ele atua praticamente como o principal conselheiro político do mineiro.
Prova disso é que um amigo de Josué Alencar disse à reportagem que “por questões de princípios” dificilmente ele vai aceitar ser vice do ex-governador paulista. A aposta, replicada por políticos petistas, é que ele não é um homem de legenda e vai respeitar a amizade com o ex-presidente, que está preso desde abril deste ano, após ter sido condenado no âmbito da operação Lava Jato.
Lula, inclusive, foi quem articulou a saída de Josué Alencar do MDB para migrar para o PR. Por isso, já há quem diga no meio político que, se ele confirmar que vai ser vice de Alckmin, o gesto vai ser visto como traição. Ontem, a presidente nacional do PT, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann, chegou a declarar que no último mês ouviu de Josué a promessa de que ele apenas aceitaria ser vice do ex-presidente.
Estado. Outra barganha do PT que pode ser apresentada ao filho do ex-vice-presidente é que ele pode ser o candidato ao governo de Minas. De acordo com interlocutores, isso ocorreria caso o nome de Pimentel, desgastado pela crise econômica e política que vive à frente do Palácio da Liberdade, não se viabilizar como candidato à reeleição.
Como O TEMPO mostrou, até correligionários do governador duvidam que ele vai mesmo para a corrida eleitoral, já que tem se mostrado “estacionado” nas pesquisas eleitorais encomendadas pela agremiação. “Não podemos desperdiçar uma chance como essa, em que o partido teria destaque nacional, apresentando uma pessoa de fora da política com grandes chances de vencer a eleição”, afirmou um dirigente do PR. Ele ainda confidenciou que, se preciso, o diretório mineiro vai se rebelar.
Em meio ao cenário, membros do PR e do PT em Minas tentam demonstrar tranquilidade ao dizer que é certa a aliança entre as duas legendas, uma vez que a união era articulada bem antes do período eleitoral. A tranquilidade demonstrada, principalmente por petistas, é porque já há um entendimento interno de que, se o PR não se juntar com eles, a coligação de Pimentel não vai ter força e ficará totalmente esvaziada.
Texto mostra cautela com a indicação
Em viagem internacional, o empresário Josué Alencar (PR) se posicionou de forma cautelosa em que agradece a indicação como vice na chapa de Geraldo Alckmin, mas não dá indícios de qual será o seu posicionamento. “Relembro o meu saudoso pai, que dizia que o importante na chapa é quem a encabeça. E acrescentava: ‘vice não manda nada e deve evitar atrapalhar’, disse em nota enviada à imprensa.
O empresário também afirmou que a aliança eleitoral deve ser formada pela discussão de “programas e ideias que projetem os rumos a serem seguidos pelo Brasil”. No fim do texto, ele agradece a indicação “Agradeço a confiança que as lideranças depositam em meu nome. No meu retorno, procurarei inteirar-me dos encaminhamentos feitos pelos partidos, para que possa tomar uma decisão”, diz.