Eleições em BH: Áurea Carolina diz que debate eleitoral é serviço essencial

O cancelamento dos debates nas emissoras de TV tem sido alvo de frequentes críticas da candidata do PSOL à Prefeitura de Belo Horizonte, Áurea Carolina. Ela considera os debates um “serviço essencial” à sociedade, especialmente neste ano, em que a eleição municipal coincide com a pandemia de coronavírus, o que tem restringido as atividades de campanha nas ruas e dificulta para que candidatos cheguem até os eleitores.

“Eu tenho dito que os debates são um serviço essencial na pandemia porque, tão vital quanto ter um serviço de saúde ou outros alguns serviços que não puderam parar nesse momento crítico, é a participação cidadã da população na definição dos rumos da cidade pelos próximos quatro anos”, disse. E completou: “É serviço essencial porque, assim como saúde, educação, a gente não pode viver sem a democracia. A destruição da democracia significa não ter direito à saúde, não ter direito à educação, não ter participação popular e perpetuar todas as desigualdades e os problemas que estão se agravando”.

Ainda segundo a candidata, sem os debates, a população não terá condições de eleger os melhores representantes. “Se nas eleições municipais, a população não tem as melhores condições de tomar uma decisão bem informada e consciente, isso vai ter efeitos danosos em todos os aspectos. Significa que lá na frente a gente não vai ter uma cobertura de políticas públicas e uma proteção de direitos como é obrigatório”, defende. 

Na última segunda-feira (19), ela e o vice Leonardo Péricles (UP) inclusive participaram de uma reunião virtual com outros candidatos a prefeito de BH, mediada pela presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Alessandra Mello, para reivindicarem a realização de debates pelas emissoras de TV na capital. “Estamos fazendo um apelo para que as emissoras se comprometam com realização dos debates. Sem debate não existe democracia e estamos juntos nesse pleito”, disse a candidata.

“A realização dessa atividade foi muito importante e foi transmitida pelo Sindicato dos Jornalistas, então isso traz também a questão da liberdade de imprensa, do direito à informação e comunicação como parte do processo político e eu achei muito valioso ter vários candidatos ali, independentemente das suas posições político partidárias, dispostos a defender esse objetivo comum que é maior”, disse. Além dela, participaram também João Vítor Xavier (Cidadania), Lafayette de Andrada (Republicanos), Luísa Barreto (PSBD), Nilmário Miranda (PT), Rodrigo Paiva (Novo), Wadson Ribeiro (PCdoB) e Wendel Mesquita (Solidariedade). 

Ela aproveitou ainda para citar o debate da Band, realizado no início do mês de outubro, para reforçar que é possível a realização dos eventos adotando medidas de segurança em relação à pandemia de coronavírus. A maioria das emissoras cancelou os debates alegando dificuldades para realização dos encontros em razão do número de candidatos e do risco de transmissão de coronavírus.

“A realização de debates é sim possível. O primeiro debate que foi feito pela Band foi uma confirmação de que dá pra fazer cumprindo todos os protocolos sanitários, de forma segura. Então, é esse apelo que a gente faz para as emissoras que são concessões públicas e têm obrigação sim de prestar um serviço de interesse público”, concluiu.

Áurea participa de debate promovido por estudantes da UFMG

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG realizou um debate online com os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte. O evento aconteceu na noite de quarta-feira (21) e foi transmitido pelo YouTube. Participaram Áurea Carolina (PSOL), Marília Garcia (PCO), Nilmário Miranda (PT), Wanderson Rocha (PSTU), e Wendel Mesquita (Solidariedade). 

Em suas considerações iniciais, Áurea voltou a falar sobre a importância dos debates. "Muito obrigada pela realização desse debate tão importante em um momento em que os debates eleitorais estão sendo cancelados pelas grandes emissoras de TV que têm concessão pública para realizar essa atividade", disse.

Além de uma rodada de apresentação, os participantes responderam a uma rodada de perguntas sorteadas pela organização do debate. No caso de Áurea Carolina, o tema foi déficit habitacional e propostas para solucionar o problema de falta de moradias na capital.

Já na segunda rodada, os candidatos responderam a perguntas feitas uns pelos outros. Áurea foi questionada por Wanderson Rocha sobre a importância de candidaturas negras e o financiamento das campanhas do PSOL. "Hoje nós temos uma subrepresentação inaceitável de pessoas negras nos espaços de poder. E, na Câmara Municipal, essa é uma realidade que nos preocupa muito e faz com que nós não tenhamos um debate antirracista, uma defesa das políticas de promoção da igualdade racial com a força necessária para corrigir desigualdades raciais, de gênero e socioeconômicas na nossa cidade. E é por isso também que me coloco à disposição: uma prefeita negra com uma história de luta popular",

E ela perguntou ao Wadson sobre parcerias público-privadas em áreas como saúde e educação - o que ela disse, em sua réplica, ser contra. "Todas essas medidas de destruição do patrimônio público e de entrega para a iniciativa privada fazem parte dessa agenda de austeridade e de regressão da democracia, que tem sido agravada nesse período", afirmou. 

E emendou criticando o transporte público em BH: "E, na nossa cidade, isso tem efeitos desastrosos e uma das principais PPPs que existem em Belo Horizonte é a do transporte coletivo. São empresários que controlam essa política há muito tempo e o resultado está aí: um serviço que é muito caro, não é de boa qualidade e que não tem o controle social público com interesse acima dos ganhos desses grandes empresários".