PARIS, FRANÇA. A França mostrou nesta semana que é possível aproveitar estradas para gerar energia. O país inaugurou na última quinta-feira (22) a primeira estrada solar do mundo. A rodovia é pavimentada com painéis solares capazes de fornecer energia para a iluminação pública de Tourouvre, pequena cidade de 5.000 habitantes no noroeste do país, na região da Normandia. As informações são da agência de notícias Deutsche Welle.
O trecho pode ser curto – de 1 km –, mas é só um passo para os planos do governo francês. A ministra do Meio Ambiente, Ségolène Royal, anunciou um plano de quatro anos para o “desenvolvimento das estradas solares”, com projetos iniciais na Bretanha, no oeste, e em Marselha, no sul do país.
A via Tourouvre foi coberta com 2,8 m² de painéis solares revestidos de resina, sendo ligados à rede de energia elétrica local, segundo a ministra.
“Esse novo uso da energia solar aproveita grandes extensões de infraestrutura rodoviária já em uso para produzir energia sem ocupar novos espaços”, disse Royal por meio de um comunicado.
Uma média de 2.000 carros trafega pela estrada em Tourouvre diariamente, testando a resistência dos painéis para o projeto desenvolvido pela empresa de engenharia civil francesa Colas, uma subsidiária do gigante da construção Bouygues.
Pelo mundo. A ideia, que também está sendo explorada em Alemanha, Holanda e Estados Unidos, é que as estradas sejam ocupadas por carros em apenas 20% do tempo, oferecendo vastas extensões de superfície para absorver os raios solares.
Na Alemanha, a inovação energética está em fase de testes num trecho de 150 m perto da cidade de Colônia, no oeste do país. Nos Estados Unidos, o Estado do Missouri trabalha na instalação de painéis numa pequena área perto da famosa Route 66, a estrada que atravessa o país.
A Colas afirma que, em teoria, a França poderia se tornar independente de energia não renovável pavimentando apenas um quarto de seus milhões de quilômetros de estradas com painéis solares.
O preço do quilowatt produzido na via solar chega a € 17 (R$ 58), frente aos € 1,30 (R$ 4,40) para a geração de energia em uma instalação fotovoltaica – que produz volts de energia por meio da luz solar – em um telhado.
Mas os responsáveis pelo projeto sustentam que o trecho inaugurado é uma prova de que o preço da infraestrutura diminuirá à medida que aumente a demanda, o que barateará também o custo da energia produzida. Em 2020, disseram, o preço do quilowatt produzido em uma estrada solar será similar ao de outra usina de energia solar.
Ambientalistas criticam projeto
PARIS. Apesar de ser visto com bons olhos por alguns especialistas, o projeto foi alvo de críticas de diversas organizações ambientalistas que consideram seu custo, de € 5 milhões (R$ 17 milhões), exagerado para a quantidade de energia que pode produzir.
“Sem dúvida é um avanço técnico, mas, para desenvolver as energias renováveis, há outras prioridades no lugar desse brinquedo que sabemos que é muito caro, mas que não funciona bem”, disse ao jornal “Le Monde” o vice-presidente da Rede para a Transição Energética (CLER), Marc Jedliczka.
Além disso, os especialistas destacam que as instalações inclinadas são mais eficientes para produzir eletricidade, ao contrário da rodovia.
Flash
Tempo. Em um dia nublado, painéis solares, de uma maneira geral, apresentam metade da capacidade de produção de energia.