Zurique, Suíça. Fazer a higiene bucal corretamente, escovando os dentes após cada refeição e usando fio dental pode não ser o suficiente para evitar o aparecimento de cáries. Pesquisadores da Universidade de Zurique identificaram pela primeira vez um complexo genético responsável pela formação do esmalte dentário. Determinadas mutações nessa formação podem enfraquecer o esmalte e aumentar a chance de desenvolver cáries. O estudo foi publicado na revista “Science Signaling”.
O esmalte é a camada externa do dente, responsável por protegê-lo das agressões de bactérias presentes na boca. Quando o esmalte é danificado, essas bactérias podem penetrar o dente e causar a cárie.
Para realizar o estudo, duas equipes do Centro de Medicina Dentária e do Instituto de Ciências da Vida Molecular usaram camundongos com mutações variadas das proteínas do esmalte dentário.
“Descobrimos que três proteínas particulares (…) não estão apenas envolvidas no desenvolvimento de doenças graves, mas também no refinamento qualitativo de tecido altamente desenvolvido, nesse caso, o esmalte”, explicou, em um comunicado à imprensa, Claudio Cantù, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Zurique.
Todos os camundongos que desenvolveram cáries tinham mutações genéticas na mesma sequência de proteínas. “Todos os ratos com mutações nessas proteínas exibiam dentes com defeitos de esmalte. Deste modo, demonstramos que existe uma ligação direta entre mutações nos modelos genéticos dessas proteínas e o desenvolvimento de defeitos do esmalte dentário”, afirmou outro autor do estudo e pesquisador da Universidade de Zurique, Francesco Pagella, também em comunicado à imprensa.
A pesquisa foi a primeira a usar métodos genéticos, moleculares e bioquímicos para estudar detalhadamente as falhas na formação do esmalte do dente. Os cientistas acreditam que compreender as conexões molecular-biológicas do desenvolvimento do esmalte dentário e conhecer as mutações que levam a seu enfraquecimento pode levar ao desenvolvimento de novos produtos destinados à prevenção das cáries.
Brasil sorridente. O último levantamento do programa Brasil Sorridente, do Ministério da Saúde – publicado em 2016, mas referente a 2010 – mostrou queda na incidência de cáries na idade de 12 anos, faixa etária utilizada mundialmente para avaliar a situação em crianças. O número médio de dentes atacados por cárie diminuiu nas crianças: era de 2,8 em 2003 e caiu para 2,1 em 2010.
Frequente. Apesar da queda no número de cáries nas crianças de até 12 anos, a saúde bucal ainda preocupa no país. Nessa faixa etária, 69% da população tem a doença nos dentes.