Quando uma criança está nas primeiras fases de sua vida escolar, é comum ouvir dos professores que a lição do dia será um desenho. Essas representações podem vir seguidas de perguntas sobre o motivo da ilustração, ou simplesmente passam em branco pelos mestres. Alguns desenhos infantis, por mais que sejam feitos de forma inocente, podem representar coisas – do ponto de vista adulto – engraçadas ou até mesmo inapropriadas.
No entanto, salvo casos de crianças que expressam abusos sexuais por meio de seus desenhos, em grande parte das ilustrações é o adulto que vê determinada “mensagem” que não manifesta a intenção da criança.
Exemplos recolhidos pelo site Bored Panda dão a dimensão exata dessa confusão: na figura acima, Katie, 5, desenhou a si e a amiga Danielle como borboletas prestes a pousar em cogumelos. Em “Quando eu crescer, quero ser como minha mãe”, a criança retrata a mãe vendendo uma pá para várias pessoas interessadas. E um simples cortador de grama também pode ser visto de outra maneira pelos olhos dos adultos.
Representações. Profissionais da área da educação e da psicologia percebem na atividade de desenhar um aspecto importante em que a criança expressa suas emoções, revelando segredos de seu mundo interno e que ela ainda não é capaz de comunicar pela linguagem oral.
“O desenho é uma maneira de a criança raciocinar, pois, enquanto ela desenha, está também construindo suas próprias ideias”, diz à “Ciência Hoje” o psicólogo Arthur Pancetta Abras.
Segundo ele, por meio de métodos estatísticos, chegou-se a conclusão de que as crianças menores de 6 anos preferem desenhar a figura humana. Já a diferenciação quanto ao sexo é notada dos 4 aos 8 anos.
As meninas preferem representar crianças, pois suas figuras trazem fitas no cabelo, carregam bolsas e, geralmente após os 6 anos, se voltam às coisas domésticas, como mesa, toalhinhas, bandejas etc.
Já os meninos preferem desenhar adultos, com figuras que possuem chapéu, bengala e usam calças compridas. No caso deles, após os 6 anos voltam-se mais a objetos mecânicos, como veículos, revólver, etc. Após essa idade, tanto meninas quanto meninos se voltam a objetos que fazem parte de seu cotidiano e de sua vida social.
Nesse contexto, surgem representações engraçadas e que podem provocar saias-justas: é o caso da garota que desenhou a mãe soltando gases, ou o do garotinho que quer a todo custo a babá Valerie “fora de sua vida”.