Meio Ambiente

Obama e Dilma defendem acordo mundial sobre o clima  

Texto prevê redução de emissões, do desmatamento e aumento do uso de energia renovável


Publicado em 01 de julho de 2015 | 03:00
 
 
 
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Washington, EUA. O presidente norte-americano Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff defenderam ontem um acordo mundial sobre o clima, afirmando a disposição de ambos de privilegiar as energias renováveis. Em um comunicado comum, os dois líderes ressaltaram que os compromissos dos países sobre suas emissões de gases do efeito estufa deverão ser “regularmente atualizados” nos próximos anos, mantendo em mente o objetivo da comunidade internacional: limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial.

Segundo a declaração, os dois governos estão dispostos a trabalhar lado a lado e com outros sócios para resolver “potenciais obstáculos par um acordo ambicioso e equilibrado em Paris”.

O anúncio da presidente Dilma – que envolve a promessa de reflorestamento de 120 mil km² até 2030 (uma área equivalente à metade do Estado de São Paulo), o aumento da geração de energia por fontes renováveis e o combate ao desmate ilegal –, porém, foi considerado pouco audacioso pelo diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Moutinho. O problema, segundo ele, estaria na falta de um prazo estipulado.

“O fato de não ter uma data anunciada de combate ao desmatamento ilegal ou absoluto total acaba tornando essa meta tímida. Não há nada de novo do que o Brasil vem falando nos últimos anos. Faltou audácia”.

Gargalos. Para Paulo Moutinho, anunciar números de restauro de floresta é importante, mas há um gargalo que é saber como isso será financiado, já que os custos de restauro continuam altos. “Os dois países podem encontrar meios financeiros para isso. A meta ajuda nesse sentido, de você encontrar meios para se chegar lá”, afirma o diretor do Ipam.

Ainda ontem, durante a declaração nos EUA, o governo brasileiro afirmou que até 2030 pretende fazer com que a matriz energética do país tenha entre 28% e 33% de fontes renováveis (eletricidade e biocombustíveis), além da geração hidráulica.

Por seu lado, os Estados Unidos pretendem reduzir suas emissões até 2025 entre 26% e 28% em relação aos níveis registrados em 2005. “Esse é um acordo importante”, afirmou o conselheiro de Obama para questões climáticas, Brian Deese. “Para os Estados Unidos, vai implicar o triplo da quantidade de energia renovável em nossa rede elétrica”. “Para o Brasil, vai requerer mais que o dobro”, acrescentou.

Além disso, foi anunciada a criação de um grupo de trabalho entre os dois países sobre mudanças do clima, com o objetivo de “ampliar a cooperação bilateral em questões relacionadas ao uso da terra, energia limpa e adaptação, bem como diálogos políticos sobre a questão climática em nível nacional e internacional”.

O documento, no entanto, não apresenta a totalidade das metas brasileiras que serão levadas para a Conferência do Clima de Paris, quando será fechado um novo acordo global para frear o aquecimento global e, com isso, conter a mudança climática. “A esperança é que, no anúncio das INDCs (Contribuições Intencionais Nacionais Determinadas, na tradução da sigla em inglês), as metas de combate ao desmatamento surjam mais concretas”, complementa Moutinho.

Flash

Pressa. A ONU alertou que as negociações para conseguir um acordo global contra a mudança climática até o fim deste ano avançam de forma lenta. Ban Ki- moon pediu aos líderes internacionais que se envolvam “pessoalmente” para acelerá-las.

Flash

Revés. Apesar do anúncio de metas para cortar as emissões, o governo de Obama sofreu uma derrota na Suprema Corte. Os juízes invalidaram a legislação da Agência de Proteção Ambiental (EPA), que limitava emissões de termoelétricas.

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