Pesquisas já comprovaram que, consumido com moderação, o chocolate meio amargo pode ser saudável devido a suas características antioxidantes. Agora, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) agregou mais um benefício à guloseima – dois probióticos – criando o chocolate meio amargo funcional, que melhora as funções intestinais e ajuda a reduzir o risco de doenças no intestino.
“A gente pensou em acrescentar um alimento funcional como alternativa para as pessoas que têm intolerância à lactose e que não podem consumir os produtos lácteos com essas características”, explica a engenheira de alimentos Marluci Palazzolli da Silva, autora da dissertação de mestrado, feita na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, que deu origem ao produto, e doutoranda na mesma unidade.
Para criar o chocolate funcional, Marluci usou dois microrganismos vivos – o Lactobacillus acidophilus e o Bifidobacterium animalis –, semelhantes aos presentes em nossa flora intestinal. O problema é que, ao longo da vida, esses microrganismos vão se perdendo devido ao consumo de alimentos industrializados, como o açúcar, ao abuso de medicamentos e ao estresse.
Para ter efeito, o chocolate funcional precisa ter pelo menos 1 milhão de unidades formadoras de colônia – quantidade de células viáveis vivas – desses microrganismos. “O lactobacilo não suporta muito oxigênio – é microaerófilo –, e a bifidobactéria é totalmente anaeróbia”, explica Marluci. Com receio de que o açúcar e o cacau pudessem levar os microrganismos à morte, ela os colocou em cápsulas durante as pesquisas. “Observamos que eles resistiram à composição do chocolate”, acrescenta. Mas a pesquisadora manteve o uso das cápsulas.
Aprovação. Os estudos do mestrado duraram dois anos. As amostras do chocolate funcional foram oferecidas a 109 voluntários na comunidade da USP. Perguntados se comprariam o chocolate funcional quando estivesse no mercado, 75% demonstraram interesse.
Segundo a pesquisadora, considerando a boa aceitação do chocolate, a viabilidade do uso dos probióticos na composição e o efeito antioxidante do cacau, o chocolate funcional tem potencial para ser oferecido no mercado. O desafio, diz, é a produção em grande escala para ampliar os testes de avaliação junto ao público. “Para produzirmos o chocolate funcional, fizemos uma parceria para usar a planta-piloto do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) de Campinas”, explicou. Segundo a pesquisadora, nenhuma empresa mostrou interesse na fabricação do produto até o momento.
Probióticos