A esportividade em uma motocicleta cobra um preço no conforto. Daí a razão de ser da naked GSX-S 1000A, apresentada ano passado no Salão Duas Rodas, em São Paulo. O modelo, com 209 kg, tem chassi compacto e leve. A posição de condução foi verticalizada para gerar mais conforto e favorecer uma ergonomia mais suave. O conjunto combina com um banco que tem 81 cm de altura e os novos telescópicos invertidos da Kayaba, com regulagem de amortecimento, compressão e pré-carga da mola.
O motor é oriundo do usado na antiga geração da GSX-R 1000, de 2006 a 2010. No entanto, foi reconfigurado para oferecer mais força em baixos e médios regimes. Os pistões com 73,4 mm de diâmetro têm 59 mm de curso, longo o bastante para favorecer o torque. Em compensação, abriu mão da potência: atinge 145 cv contra 185 cv da atual GSX-R 1000. Por outro lado, o torque de 10,8 kgfm aparece aos 9.500 rpm, enquanto na GSX-R é de 11,9 kgfm, mas só aos 10 mil giros.
O controle de tração de série é outro diferencial da GSX-S no segmento. O sistema atua com uma base de dados obtidos por sensores que comparam posição do acelerador com posição de marcha engatada e velocidade entre as rodas. Assim, é possível detectar a intenção do piloto e as condições do piso. São três níveis de intervenção na “tocada” do piloto. No nível 1, low, há menor interferência eletrônica. No 2, middle, o sistema atua quando necessário e não permite derrapagens, ideal para uso urbano e condições normais. Já para piso molhado ou escorregadio, há o terceiro nível (high), indicado por oferecer maior segurança e ser mais intrusivo.
Instrumentação é completa e bastante legível
Outro destaque da GSX-S 1000A é o sistema ABS para os freios – representado pela letra “A” na nomenclatura do modelo. Ele também é herdado da GSX-R e é produzido pela Brembo. Cada pinça vem com quatro pistões opostos de 32 mm que atuam sobre os discos flutuantes dianteiros de 310 mm cada – o traseiro tem 220 mm. Essa tecnologia controla a velocidade 50 vezes a cada volta da roda e ajusta a força de travagem à tração disponível.
Agilidade e leveza são as marcas registradas da moto
As linhas musculares e frente agressiva fazem o “olhar” da Suzuki GSX S1000 parecer como o de um touro pronto para correr pelas ruas de Pamplona. Ao examinar o chassi, vê-se um quadro de alumínio de dupla longarina, mais leve do que o montado na GSX-R 1000. A configuração básica é um pouco suave em relação à exuberância do motor, mas alguns cliques fazem a extremidade dianteira mais rígida e precisa. Em contraste, a moto não tende a “sentar” quando se torce o acelerador, o que é uma grande notícia para aqueles que não querem se ver constantemente com o nariz apontado para o céu.
A posição de condução é bastante confortável. E a triangulação com guidão e pedaleiras é bem-pensada. Os freios trabalham de forma suave, e as vibrações nos apoios de pés até aparecem, próximo aos 6.000 giros, mas nada remotamente comparável aos modelos com um único cilindro. A extremidade frontal é tão estável que até ajuda a esconder o peso nas curvas mais rápidas. A tração também é digna de elogios. A moto sofre um pouco em baixas velocidades, principalmente na cidade. A Suzuki GSX-S 1000A é uma moto para queimar as estradas de montanhas. O cliente típico desse modelo é provavelmente o motociclista experiente que decidiu que a diversão vem antes de folha de dados e desempenho. (Cosimo Curatola/AP)