A diversidade de picapes médias disponíveis no mercado brasileiro não se reflete nos números de vendas: apenas dois modelos, Chevrolet S10 e Toyota Hilux, detêm, juntos, cerca de 50% dos emplacamentos. Em termos de participação, a Frontier tem desempenho discreto, figurando entre as menos comercializadas do segmento. Todavia, a caminhonete da Nissan mostra qualidades em sua nova geração, lançada há dois meses no Brasil.
Totalmente reprojetada, a picape adotou um novo conjunto mecânico, formado por câmbio automático de sete marchas, com trocas sequenciais por meio de toques na alavanca, e motor 2.3 a diesel. Apesar de ter uma capacidade cúbica pequena dentro da categoria, esse propulsor entrega números de potência e torque na média da concorrência: são 190 cv a 3.750 rpm e 45,9 kgfm entre 1.500 rpm e 2.500 rpm. Isso é possível graças a tecnologias como injeção direta de combustível e, principalmente, sobrealimentação com dois turbocompressores.
Na suspensão, o diferencial da Frontier está nas molas helicoidais posicionadas no eixo rígido traseiro. É a primeira vez no Brasil que uma caminhonete média utiliza esse tipo de elemento elástico, que é próprio de carros de passeio; todas as demais picapes médias são equipadas com molas parabólicas, que, em tese, são mais resistentes ao peso, porém prejudicam a dirigibilidade. Se a solução adotada pela Nissan irá mesmo “aguentar o tranco”, só o tempo irá confirmar. O fato é que a capacidade de carga informada pelo fabricante, de 1.050 kg, não fica atrás da das concorrentes.
Comportamento
A solução incomum da suspensão traseira traz reflexos no rodar da Frontier, que é suave para uma picape de seu porte. Ondulações e falhas na pavimentação, que costumam causar muito desconforto aos ocupantes de caminhonetes, não chegam a ser um martírio. Só não espere dela o mesmo conforto de um hatch ou um sedã: apesar da evolução nesse sentido, picapes ainda têm proposta cargueira.
A estabilidade segue a mesma lógica: é boa para uma caminhonete média, mas não é possível esperar que um veículo de 1.985 kg de peso e 1,85 m de altura contorne curvas com grande desenvoltura. Já os freios, com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, mostram resultados corretos, mas não chegam a se destacar. Por sua vez, a direção tem assistência hidráulica, menos avançada que a elétrica presente em algumas concorrentes, mas consegue entregar razoável leveza em manobras e firmeza em alta velocidade.
O desempenho é bom: a Frontier, apesar do porte e do peso elevados, é ágil na cidade e não tem dificuldade para fazer ultrapassagens ou encarar subidas de serra na estrada. Não se sente o efeito conhecido como “turbolag”, e o motor responde bem em todas as faixas de rotação. O consumo também foi satisfatório: durante a avaliação, o Super Motor obteve médias de 9,3 km/L na cidade e 12 km/L na estrada.
Fora do asfalto
A reportagem também submeteu a Frontier a alguns percursos off-road, com nível moderado de dificuldade. Equipada com tração 4x4, reduzida e bloqueio do diferencial traseiro, a caminhonete não teve qualquer dificuldade para enfrentar os desafios. Os ângulos de ataque e saída de 27,2º e 31,6º, respectivamente, e o vão livre do solo de 29,2 cm também se mostraram adequados às aventuras na terra.
Por enquanto, versão top de linha é a única disponível
FOTO: Alexandre Carneiro |
Rodas de liga leve de 16 polegadas, calçadas com pneus 225/70 R16, vêm de série |
Interior e caçamba na média da categoria