A trajetória da Chevrolet nos últimos anos no Brasil chega a ser curiosa. O mercado inteiro está, há algum tempo, com suas principais atenções voltadas para a categorias de SUVs. Mas a marca estadunidense tratou de renovar sua linha quase que inteiramente, com novas gerações e facelifts substanciais – ficaram de fora apenas a minivan Spin e a picape compacta Montana.
Tornou-se líder de vendas com o sucesso, principalmente, do hatch Onix e do sedã Prisma e, só então, gradativamente, apostou nos utilitários-esportivos. Após renovar Tracker e Trailblazer, em outubro do ano passado passou a importar o Equinox, que ocupou a lacuna deixada pelo Captiva e chegou disposto a encarar os rivais médios. É claro que aumentar seus emplacamentos cai bem, mas nem é essa a principal função do novo carro. O Equinox é, na verdade, uma excelente vitrine tecnológica para a fabricante – principalmente em sua variante mais completa, a Premier. E chegou a emplacar média de 450 unidades mensais nos dois meses de vendas cheias de 2017. Coincidência ou não, a Chevrolet ainda comercializou mais de 2.000 unidades do Tracker em dezembro, ou seja, o dobro da média mensal do ano do SUV compacto.
O Equinox é produzido em San Luis Potosí, no México. Inicialmente, veio apenas na versão mais completa, reforçando o potencial tecnológico do carro e nivelado na faixa de preço de versões superiores de modelos concorrentes. Hoje, o preço é R$ 155.990, mas sem qualquer opcional disponível, exceto pelas cores metálicas ou perolizadas. Esse valor inclui equipamentos como sistema de estacionamento semiautomático e até um sistema de tração integral acionado pelo painel – sem habilitá-lo, o Equinox roda com tração dianteira.
O principal diferencial do Equinox em relação aos concorrentes está no trem de força, que é comum nas duas versões disponíveis – a de entrada LT foi disponibilizada um mês depois de seu lançamento, no final de novembro. Trata-se de um motor 2.0 turbo de 262 cv, gerenciado por um câmbio automático de nove marchas. Suspensão independente nas rodas traseiras, estruturas de subchassis e tecnologias de controle de estabilidade e de tração também estão no pacote.
Tocada suave e enérgica
De cara, o que mais chama atenção no Chevrolet Equinox é seu porte. Apesar de construído sobre a mesma plataforma dos médios hatch e sedã Cruze, o SUV parece bem maior até do que de fato é.
As linhas puxam mais para a elegância do que para qualquer ideia de robustez ou esportividade, embora os dois traços estejam presentes onde realmente importa, ou seja, na parte mecânica. O acabamento chama atenção pelo cuidado e pelo abundante uso de materiais suaves ao toque. Não chega a ser luxuoso, mas carrega certo requinte. Há bastante couro, com costuras duplas e uma mistura charmosa de tons entre o cinza claro e o preto.
A lista de itens de série é até farta, mas não fica tão distante do que a concorrência oferece – aliás, alguns rivais até são mais bem equipados nos aparatos tecnológicos. De qualquer forma, há uma boa central multimídia, o pacote mais completo OnStar disponível, ar-condicionado de duas zonas com saídas exclusivas para os ocupantes traseiros e porta-malas elétrico, que se abre a partir de um sensor de movimento na parte de baixo do carro.
O grande trunfo do Equinox, na verdade, é comum tanto à versão de topo Premier quanto à de entrada LT. O motor 2.0 turbo que move o SUV trabalha em conjunto com uma moderna transmissão automática de nove velocidades.
Os números são mais que suficientes para garantir boas arrancadas, retomadas e ultrapassagens. E, apesar da vocação familiar aguçada do modelo, dá até para arrancar alguma emoção dele.
Economia não é o forte do modelo de 1.700 kg
O Chevrolet Equinox não aparece na tabela do Programa de Etiquetagem do Inmetro, mas a marca garante que o instituto aferiu médias de 10,1 km/L de gasolina na estrada e 8,4 km/L na cidade – o propulsor não é flex. Não é econômico, mas também não está tão mal, diante do porte do carro.
Em contrapartida, o desempenho do SUV é invejável. Sobra força no motor. Prova disso é o bom 0 a 100 km/h em apenas 7,6 segundos, nada mal para um carro com quase 1.700 kg em ordem de marcha. O casamento entre o motor e o câmbio automático de nove velocidades resulta em uma boa dirigibilidade. Entre os concorrentes diretos, o Equinox é certamente o mais poderoso.
Outro ponto forte do modelo da Chevrolet é a interatividade. Há muitos recursos no Equinox Premier, mas é fácil se acostumar com tudo no veículo. Os comandos são bem-localizados e com utilização intuitiva, o sistema multimídia tem GPS e pacote OnStar que pode simplificar o dia a dia de alguns motoristas, e a lista de equipamentos de série da versão ainda contempla alerta de esquecimento de criança no banco traseiro e sistema de abertura elétrica da tampa do porta-malas.
Pacote de série é bem generoso
O Equinox abusa quando o assunto é equipamentos de série. Além de ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, farol alto automático, tampa traseira elétrica e faróis full LED, a versão Premier tem ainda seis airbags, auxílio de partida em rampa, controle de velocidade em descida, alertas de colisão e sistema de frenagem automática de emergência.
A lista traz, ainda, monitor de pressão dos pneus, sensor crepuscular e de chuva, carregador de smartphone por indução, multimídia com GPS, controle de velocidade de cruzeiro e partida remota do motor.
Custo-benefício
Na ponta do lápis. O Equinox Premier custa R$ 155.990, com motor 2.0 turbo de 262 cv e tração 4x4. Ele é bem-equipado e vigoroso, mas seu principal concorrente no Brasil, o Jeep Compass, tem versões diesel 4x4 em valores similares. O desempenho e o custo de manutenção mais em conta se destacam no Equinox. Porém, o trem de força turbodiesel do Compass garante mais economia de combustível e autonomia.
Ficha técnica
Motor. 2.0 turbo, 16V, quatro cilindros, a gasolina, e com sistema de injeção direta de combustível
Potência máxima. 262 cv a 5.500 rpm
Torque máximo. 37 kgfm a 4.500 rpm
Câmbio. Automático de nove marchas
Suspensão. McPherson na dianteira e independente do tipo Multilink na traseira
Porta-malas. 468 L
Dimensões. 4,65 m de comprimento, 2,11 m de largura, 1,70 m de altura e 2,73 m de entre-eixos