Quando adolescente, queria muito usar minissaias. Mas cadê pernas pra isso? Como sair na rua com aquelas coisinhas finas à mostra? Minhas amigas diziam: “Mas, Laurinha, você é toda magrinha, não combinaria ter um pernão”. Claro que não precisava ser “ão”, mas que ao menos não precisasse ocultá-las sob saiões ripongas que iam até a canela ou calças jeans com meia de lã por baixo. Achava-as tão finas que, para dar um volume, tacava logo uma meiona de lã para parecerem mais grossas. Imagina! Um calor insuportável, e a inteligência aqui achando que isso mudaria alguma coisa.
Depois de casada e com duas filhas, meus 40 quilos viraram 50. Finalmente as minissaias, pensava satisfeita, até o dia em que vesti uma curta e justíssima.
E aí... pronto! Não me senti à vontade. Amo saias e vestidos, mas o bom senso costuma falar mais alto no que diz respeito ao comprimento das peças ou à profundidade dos decotes.
Sem querer ser careta, mas depois dos “enta” uma saia um pouco acima dos joelhos para mim já está de bom tamanho, principalmente em ambientes de trabalho. É charmoso, feminino, não fica vulgar, nem com pretensão de querer se igualar às filhas, já que hoje o que mais vemos é mãe com cara de filha e filha com cara de mãe. Explico: as garotas se produzem, se maquiam e se erotizam tanto que aparentam ter bem mais idade do que realmente têm. Já as mães, com suas lipos, silicones, botox, cabelões e roupinhas despojadas, fica difícil saber. Nada contra; cada uma tem o direito de se expressar e de ser feliz da maneira que quiser. Embora uma noção de limites seja sempre bem-vinda.
E foi justamente essa noção que faltou à mais nova “celebridade” da corte, viralizada na internet e repercutida na mídia. Em tempos de crise e intemperanças, confusões, cuspidas, discursos inflamados, overdoses de besteiras, chororôs e falas descabidas, estranharíamos muito se passássemos um dia sem polêmicas. Mas aí veio ela, já no início da semana, expor nas redes sociais as fotos que tirou no gabinete do marido, atual ministro do Turismo, que, com cara de encantado, deixava-se posar ao lado da exuberante comissão de frente de sua bela e arretada baiana.
Com seus turbinados atributos extrapolando o decote inadequado para o local e a ocasião, a moça se autoproclamava a mais linda “primeira-dama do Turismo do país”. Logo chegaram ao público fotos seminuas que ela tirou em Brasília após se eleger Miss Bumbum nos Estados Unidos. Com a avalanche de críticas recebidas, resolveu deletar o material de seu Face. Dizia estar indignada com a repercussão das fotografias, que, pelo que consta, foi sua própria assessoria quem divulgou.
E me pergunto: o que mais de micos e desvarios nos falta acontecer? Um retrógrado que enaltece torturadores, uma turma que engoliu o disco, outra que não sabe para que lado vai, o povo aguardando um desfecho honroso às balburdias palacianas, a economia indo para o ralo, o país paralisado, esperando que aconteça algum milagre, enquanto nós, esmorecidos com as notícias negativas e desanimados com a classe política, trocamos mensagens nas redes sociais, discutindo sobre a bunda da Miss Bumbum.
Que horror!
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