Você percebe que está ficando velho quando liga a TV no Canal Viva e, sem querer, começa assistir à novela “História de Amor”, de Manoel Carlos, e acha que ela é atual. Para por um tempo, raciocina e vê que o que é feito hoje em dia é tudo igual.
Você tem certeza de que está ficando velho quando, depois disso, começa a ficar saudosista e se lembrar de tudo dos anos 80. Um misto de alegria, com cheiro de infância, uma energia em forma de lembrança grudenta.
Nasci em janeiro de 1980. Não tenho nada contra os embalos de 70, mas sou extremamente grato à minha mãe, que me colocou no mundo somente no quarto dia dessa década linda. Engatinhei entre dominós e quebra-cabeças, aprendi a andar entre os discos do Barão, da Blitz e do RPM, caminhei dando risadas com o Chaves, a Chiquinha, o Quico e a Dona Florinda.
Você sabe que está ficando velho quando nota que não existe mais provas com cheiro de álcool copiadas no mimeógrafo, nem caneta de dez cores, muito menos curso de datilografia. Sabia tudo sobre a Guerra Fria, estudava sobre a Alemanha Oriental e a União Soviética nas aulas de geografia.
Jogava Enduro, Pac-Man e River Raid no Atari, mas também brincava de queimada, pique-
esconde, passa anel e amarelinha. O amigo tinha ioiô da Coca-Cola e usava Kichute, a amiga colecionava papel de carta e ficava bonita de Melissinha.
A Gretchen cantava “Conga la Conga”, o Ritchie, “Menina Veneno”, e Roupa Nova não era sinônimo de ter gastado na loja muito dinheiro. O legal mesmo era ter a lambada, um ritmo pioneiro, o Zico como artilheiro, e o Bozo, que fazia da TV um picadeiro.
Você imagina que é muito mais velho que muitos velhos por aí porque se lembra de tudo que passava na televisão. “Os Trapalhões”, “TV Pirata”, “He-man” e “She-ha” eram a minha diversão. Saudades do Chacrinha e do “Xou da Xuxa”, em que passava “Caverna do Dragão”.
E ainda tinha as novelas: “Vale Tudo”, “Top Model”, “Tieta”, “A Gata Comeu”... Nenhum de nós perdia um capítulo daquele vício chamado “Que Rei Sou Eu?”.
Chocolate tinha que ser Lollo ou Surpresa, chicletes eram Ping Pong e Bubbaloo, e guaraná era Taí. Hoje, você não encontra mais balas Soft ou o pirulito pirocóptero, e não está nem aí!
Ao ver as primeiras cenas de “Boogie Oogie”, a nova novela das seis da Globo, que tem os anos 70 como cenário, até que me dá uma pontinha de vontade de ter vivido naquele tempo. Os sons, as cores, ter a brilhantina como passatempo.
Mas nada me tira da cabeça que eu fui feito pra década seguinte. Uma época em que a tecnologia dava sinais de nascimento, tudo sendo tratado com mais requinte. Dias de luta, dias de glória, de fim da ditadura à ressurreição de um povo contribuinte.
Quero viver muitos anos, muitas fases, tudo para poder olhar pra trás e poder comparar. Sou feliz em ter o que lembrar, em saber que é possível melhorar, em poder dizer: “Ah, bons tempos! Posso viver várias décadas, mas 80, é você que vou pra sempre amar!”.
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