Crise econômica, crise política, crise administrativa, ameaças de (maior) conturbação da ordem pública, incitamento à violência, à baderna e à desobediência civil: o país não sabe com que balanço encerrará este 2017 nem, tampouco, que ano será para nós o de 2018.
Há quase quatro anos nossas perspectivas estão sendo moldadas ou são dependentes das ações das operações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de uma parcela do Judiciário que prende, investiga, julga e depois confirma, quase sempre nessa ordem. E têm feito bem tais grupos, até porque bilhões de dólares já retornaram à Petrobras, ao Tesouro Nacional, ou estão bloqueados no exterior à espera da ordem para retornar aos caixas de onde saíram criminosamente. Com quase uma centena de bandidos presos ou monitorados, num quadro de resultados mais positivos do que qualquer outro, está viva a esperança de que a corrupção estará doravante mais vigiada. E, portanto, menor e mais contida. Agora a sociedade tem olhos para os deslizes praticados nas grandes estatais, por grandes empreiteiras, nas grandes obras e, portanto, para os grandes roubos, aqueles que só cabem em contêineres de rodonas, movimentados em múltiplas viagens. Tem também para coisinhas, essas que andam em malas de rodinhas, partindo direto de frigoríficos e de pizzarias. Há mais medo, mais cuidado, sente-se, em receber ajudas para campanhas e para pagar advogados.
Mas falta muito para que o país deixe de funcionar somente a poder do dinheiro de quem paga para fazer as coisas acontecerem ou não. E para isso ainda há muita água para passar por baixo da ponte. Há muito processo parado nas prateleiras do Judiciário, um Poder sem compromisso com o tempo e, muitas vezes, desleixado em suas decisões, o que de alguma forma ajuda a consolidar a máxima de que, no Brasil, o crime compensa.
Apenas como exemplo, as questões que envolvem o viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou na região da Pampulha na tarde de 3 de julho de 2014. Tem mais de três anos esse ocorrido, e até hoje nem sequer as perícias técnicas foram concluídas pela Polícia Civil. Duas pessoas morreram, outras ficaram mutiladas, toneladas de concreto e de aço e mão de obra desperdiçadas, e nada anda, nada acontece para que sejam responsabilizados, civil e criminalmente, aqueles que naquela obra atuaram com sua imperícia e desleixo na elaboração de projetos e propriamente em sua execução. Nesse mesmo desastrado trecho de obras, avenida Pedro I, circulou também a suspeita de que 38 km de cabos elétricos sumiram, e ninguém sabe, e ninguém viu, e ninguém foi atrás. Meu Deus! Onde estão os investigadores e peritos desses casos, onde está o Ministério Público para acelerar suas denúncias, onde está o Judiciário? Vão permitir que tudo isso prescreva e ninguém mais possa pagar por seus crimes?
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