Na última semana, notícias e entrevistas veiculadas por alguns portais brasileiros e pela imprensa especializada em economia nos deram a dimensão de quão distantes estamos, os cidadãos comuns, da realidade que aflige o país, com graves interferências no dia-a-dia da vida brasileira. Estados paralisados, completamente, sem reservas para responderem às suas obrigações genuínas e constitucionais; empresas, independentemente de setor e importância, demitindo horizontalmente sua força de trabalho; comércio e serviços resistindo na condição de sobreviventes à crise que não previmos.
O Brasil está prostrado e nosso povo abúlico; as mudanças que imaginávamos emplacar com o afastamento da presidente Dilma Rousseff ainda não evoluíram de meras promessas. No conjunto das ações empreendidas por Michel Temer, palpável é apenas a suspensão do pagamento da dívida dos Estados da federação com a União, que o presidente interino Temer antecipou em acordo com os governadores. Trata-se de demanda que Dilma nunca quis atender, o que provocou o ajuizamento de ação no STF por vários governadores, inclusive o de Minas Gerais, batendo pela suspensão de seu pagamento.
Estamos, contudo, entrando nesta semana com o anúncio de uma promessa de Michel Temer forte e transformadora: a de se empreender a privatização de tudo que é estatal que for possível dar em concessão ou até mesmo se vender. Duas situações clamam por essa medida, que se for implementada, virá com um atraso de décadas: a primeira é o fato de que o Tesouro está quebrado e ainda vai piorar, em muito, tal situação; em segundo lugar, as últimas revelações dos esquemas de corrupção também há décadas operando dentro das estatais brasileiras marcaram o quanto o Estado é incompetente e mau gestor de qualquer coisa, possibilitando o avanço e o desvio permanentes, sem tréguas, sobre o patrimônio público.
Essa roubalheira nas nossas estatais que está hoje sendo revelada pelas diversas operações orientadas pela Polícia Federal é centenária. Quando não é pela via do sobrepreço, a fraude estará nas medições, nos aditivos, no cartel de empreiteiras que dividem o bolo entre as mesmas. Estão ainda na remuneração de assessores “ad-nutum” que toda estatal brasileira mantém para empregar parentes e amigos fantasmas de deputados (e Minas não está livre dessa peste), enriquecendo indicados em troca de apoios.
É infindável o conjunto de mutretas que se podem praticar nas empresas públicas brasileiras. Em todas elas. Bater pela privatização de tudo que for possível na atualidade seria uma bandeira notável. É uma das formas mais eficazes de se aplacar a corrupção: colocando donos naquilo que hoje é tratado como patrimônio particular e interesse de grupos e partidos políticos.
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