Destituída Dilma Rousseff da Presidência da República, não mais se avistaram os protestos que pediam o fim das pedaladas fiscais, da corrupção, do empreguismo, do desgoverno, da descaracterização do Legislativo como poder representante da sociedade na geração do acervo legal que demonstra direitos e deveres dos cidadãos e estabelece obrigações do Estado; não se realçou mais a tão denunciada ineficiência do Poder Judiciário, frequentemente repreendido pela sua ausência ou demora no oferecimento das decisões que lhe são reclamadas, porque a justiça tardia é uma das formas mais graves de injustiça.
A Fiesp, a Fiemg, a CNI e demais entidades do gênero parecem estar acomodadas diante da apedrejada carga tributária e do poder fiscalizador do Estado, que não facilita a atividade industrial, nem o mercado interno. Nessa mesma inércia, aliás, estão igualmente penalizados todos os setores da indústria, do comércio e dos serviços. Os bancos, com o histórico de vantagens e benesses que administram, como um setor que nunca perde, também não reclamam. Esses nem poderiam.
Dilma foi tirada da Presidência depois de um longo período de desajustes, que transitavam do seu desacerto político à ampla e inequívoca incompetência para exercer-se como governante; ninguém mais duvida de que a responsabilidade de presidir os destinos de uma Nação, complexa como a brasileira, é uma tarefa muito maior do que sua capacidade. Faltaram-lhe grandeza e um entendimento mais articulado dos problemas brasileiros; faltou-lhe também maturidade política para se relacionar com um Congresso movido por motivos na sua grande maioria os mais escusos, os menos republicanos e, quase sempre, na contramão do genuíno interesse público.
Desses equívocos, muito ou quase tudo já se sabe; O Brasil está mergulhado num fosso profundo, de onde não se espera que saiamos tão cedo. Errou-se, erraram, erramos todos, e muito. A questão é: o que estão fazendo os que assumiram o poder?
Propôs-se a ampliação da meta fiscal para R$ 170,5 bilhões; em contrapartida, a redução do contingenciamento de despesas públicas de R$ 44,5 bilhões para R$ 21,5 bilhões. Deseja-se, e é justo, que o Estado possa voltar a oferecer serviços públicos de onde estava ausente. Quais são tais serviços, além dos que as camadas menos favorecidas gritam à exaustão nas portas dos postos de saúde, das escolas, dos órgãos de segurança que pouca ou nenhuma segurança geram?
União, Estados e municípios à míngua, literalmente quebrados: era o momento de se dar o aumento que foi oferecido horizontalmente ao funcionalismo federal? Que medidas o atual governo tomou para reduzir os cargos de confiança ocupados pelos deputados, senadores e partidos da sua base de apoio na Câmara e no Senado? Vai-se combater a corrupção com os serviços de um ministério cravejado de nomes que ainda respondem a suspeições porque o Judiciário e a polícia não tiveram a eficiência de seus serviços para alcançá-los? Que jogo, nós brasileiros, estamos jogando?
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