O tempo passa, as soluções não acontecem, os problemas se agravam e, a cada dia, o país está mais fraco e vulnerável. O Congresso votará amanhã a derrubada (ou não) dos vetos da presidente Dilma de medidas aprovadas na Câmara e que ampliam, descontroladamente, os gastos públicos. Tais concessões significarão uma majoração da despesa pública em um dispêndio extra de R$ 22 bilhões por ano, num orçamento já desequilibrado, como consequência da falta de qualidade e da irresponsabilidade na execução orçamentária em anos anteriores.
Políticas públicas eleitoreiras, o inchamento da folha de salários com cargos produzidos por mero apadrinhamento político, a desnecessária presença da União, dos Estados e municípios em empresas condenadas à ineficiência pela incapacidade e o descompromisso quase generalizado dos gestores públicos; a corrupção amplamente denunciada pela imprensa e sob extensa apuração e julgamento do Judiciário são parte do acervo de mazelas que formam o nosso patrimônio e reputação, e o conceito de que o Brasil goza na avaliação dos investidores, das instituições de fomento e de mensuração de risco das quais dependemos.
Essa miséria não foi construída em dias; ela está entre nós há décadas. Já tivemos inflação de quase três dígitos, dólar beirando R$ 4,00, desemprego em níveis assustadores, corrupção, que deixou milhares de espertos milionários. Também não é de hoje que temos cargos comissionados distribuídos aos baldes, expedientes e mutretas que produzem aposentados aos 50 anos, geralmente funcionários públicos que se retiram com vencimentos e benefícios integrais. Senado e Câmara dos Deputados, assembleias estaduais, tribunais de contas e câmaras municipais, sem exceção, são fortes cabides de empregos com benefícios, muitas vezes, considerados, no mínimo, imorais.
A ineficiência da máquina pública está também presente no Poder Judiciário, onde as decisões não acontecem em processos que se arrastam, milhares, há décadas, consolidando sua espera irreparáveis prejuízos aos que demandam justiça. Quem reclama da ineficiência do agente público, ou não tem qualquer solução de seu problema ou corre o risco de ser retaliado, ter seu processo ou requerimento ou pedido recolocado no final da fila. Ou negado, por capricho. É assim. Ponto.
Nada de novo e sei que tudo isso é o que se denuncia todos os dias. Falar sem nada fazer é quixotesco e, infelizmente, essa é a moldura da nossa realidade. Uma oposição política descaracterizada, débil, sem projeto, sem propostas e sem alternativas a não ser vociferar pelo impeachment da Dilma. E o que virá, se Dilma for deposta? Assumirá Michel Temer ou teremos novas eleições? Está apenas na deposição de Dilma e sua troca pelo PMDB ou pelo PSDB a solução do Brasil? O Brasil é só o Poder Executivo e seu/sua chefe?
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