Junto com o Congresso Nacional, o Judiciário e as escolas, também cessaram as discussões sobre o impeachment de Dilma Rousseff, o processo de cassação de Eduardo Cunha e a renovação da liderança do PMDB. Entraram em férias também as oportunidades de trabalho e a abertura de novas vagas de emprego, os investimentos públicos e privados, a indústria, o comércio, a construção civil e os serviços.
Continuaram em férias (ou adormecidas) todas as propostas de políticas públicas que pudessem promover, dentro de um processo de composição e ajustes das forças que têm voz e deveriam ter responsabilidades no combate à inércia que nos sufoca, pelo menos com a devolução da esperança.
Tudo está vagando ou em férias, inclusive a imaginação, a criatividade, a capacidade de indignação de todos nós. Tudo depende da solução desse enigma que fez o Brasil e o amanhã dependentes do que seremos se o deputado Eduardo Cunha for ou não preso, deposto do cargo que ocupa ou até mesmo do país, ou se assumirá como técnico do Bangu no campeonato carioca. Bangu II, talvez, dependendo de como enquadra o Código Penal a tipicidade de suas estratégias, ao longo de uma vida. Aquela que ele e seus apoiadores chamam de vida pública. Bacana.
Dependemos ainda de quantos ministérios, diretorias e mutretas serão criados para que a presidente Dilma se equilibre no cargo que ela insiste em ocupar, ainda que para isso o Brasil siga desgovernado, precipitando-se num abismo geral.
Sumiram ainda o japonês da Federal e o juiz Sérgio Moro, este sentado sobre o que revelam com fatos, endereços e números, os delatores que já entregaram ex-amigos, como partícipes de histórias há décadas sabidas, incorporadas no cotidiano dos fornecedores dos governos e empreiteiros de obras públicas. Não fossem os institutos da prescrição e da preclusão, dentro de uma legislação processual e penal superada e desatualizada, como a que temos, o Mineirão seria pequeno para acolher tanta gente. Bastaria a polícia judiciária, o Ministério Público e o Judiciário, autorizados pela legislação reformada, atuarem.
Tudo parou, exceto os problemas que crescem com a inflação, com a criminosa cobrança de juros bancários que nossa política econômica sustenta e louva. Não dorme também um sistema tributário que penaliza, escraviza e engessa a iniciativa privada, a produção e a força de trabalho.
Não pararam a criminalidade sempre crescente, os cortes dos recursos para a saúde, para a educação e tudo que o Estado insiste em se manter como provedor e agente de sua oferta, mas se revela incapaz para produzir resultados melhores, seja pela sua ausência ou pelo equívoco na priorização e gestão dos bens públicos.
Seguimos mal, mas que ninguém se desespere: em fevereiro teremos Carnaval.
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